Cineasta pernambucano filma exumação de Jango
Depois de 18 horas filmando o processo da exumação, Cleonildo disse que o caso de Jango é o ponto de partida do longa e também referência para os outros casos que serão investigados. “Existem três processos que envolvem a morte de João Goulart: o da Comissão da Verdade, um criminal (na justiça argentina) e um cível, no Ministério Público Federal; e todos serão abordados no filme”, explicou o cineasta. “Foi um momento emocionante que a gente sente participando da história”, completou, lembrando que conversou com peritos e amigos pessoais do ex-presidente.
O próximo destino da equipe é a Argentina, onde vai ficar cerca de um mês, para vasculhar as conexões de vários países na Operação Condor, criada com o objetivo de coordenar a repressão a opositores das ditaduras e eliminar líderes de esquerda instalados nos seis países do Cone Sul.
A ideia da obra, que terá 70 minutos de duração, é esclarecer os casos que envolvem esses países. “Nosso roteiro é percorrer o Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia, entrevistando especialistas, familiares das vítimas do Condor, historiadores e vamos refazer as trilhas do que foi a operação para que deixe de ser uma história inconclusa”, explicou Cleonildo.
O historiador lembra que a Operação Condor, de acordo com pesquisas histórias, foi criada no Chile, em 1975, numa reunião convocada pela Diretora de Inteligência Nacional do Chile (DINA). O Brasil não assinou a ata de fundação mas participou ativamente da sua articulação. A partir dessa espécie de acordo da cooperação, os serviços de inteligência dos países do Cone Sul – Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai – trocavam informações entre os aparatos repressivos dos regimes militares, faziam intercâmbio de informações pelas embaixadas, realizavam operações de prissão, tortura e troca de prisioneiros. “A Comissão Nacional da Verdade já tem documentos que revelam que essa relação já existia muito antes, e no filme essa verdade será descortinada”, destaca.
A previsão para o lançamento do filme é dezembro de 2014. O cineasta e historiador já realizou outras obras como diretor, roteirista e produtor, todas com o intuito de desvendar os bastidores da história. Suas últimas produções, em 2012, foram Constituinte 1987-1988 e Haiti, 12 de janeiro.