‘PT tem anjos e demônios, mas não é um partido de marginais’

  • Raul Spinassé

    Governador quer que mensalão seja uma “página virada” para o partido

O governador Jaques Wagner (PT) quer que o julgamento do mensalão seja uma “página virada” para o partido e assinalou que os fatos ocorridos no episódio não devem ser tomados como uma marca da legenda. “Essa não é a história do PT. Digo sempre que, se o PT não é, e deve pretender ser um partido de anjos, seguramente não é um partido de marginais. Em todo partido, em toda instituição privada ou pública tem santos e diabos. Acho que isso não tira a característica do partido que tem uma história de contribuição à democracia brasileira como outros partidos tem”, disse nessa quarta, 20,  em Salvador.  Para Wagner o julgamento do mensalão “não vai acabar com o PT como alguns pretendem” e sugeriu aos opositores tomarem cuidado “com a posologia” porque podem ser vítimas do mesmo “ataque exagerado” que na sua visão os petistas estão sendo alvo..

Wagner considerou normal supostos manchetes exageradas da mídia ao PT devido a prisão dos mensaleiros. Ponderou que, mesmo jornais que não são simpáticos ao partido publicaram artigos e editoriais “de pessoas equidistantes e isentas do processo político-partidário” que reconhecem eventuais exageros.

“Alguém citou: se alguns que estão são soltos e (José) Genoíno preso, tem alguma coisa que não vai bem nesse processo”. Apesar de tudo, Wagner considera que não caberia ficar criticando o Judiciário. “A democracia vive da harmonia de poderes, determinadas opiniões não adianta dar depois do julgamento feito. É óbvio que entendo que aquela prisão, de final de semana para alguém que tinha direito a (regime) semi-aberto ser levado a uma prisão de confinamento… Houve precipitação desnecessária”. O governador lembrou que foi a Comissão de Direitos Humanos da OAB que reconheceu “ter havido exagero”.

Disse entender que o Judiciário “tem sempre que se colocar acima das paixões” comparando que na Suprema Corte dos Estados Unidos “jamais um julgamento se transformou num espetáculo”. E sugeriu que os 11 membros do Supremo Tribunal Federal faça uma reflexão. “Quando se dá vitaliciedade a um magistrado, quando ele não pode ser removido do cargo, é para cercar essas pessoas das garantias necessárias para que o julgamento delas contra apupos ou aplausos, se  faça de acordo com sua consciência”. Conforme Wagner, para o julgamento e a prisão dos petistas ter virado um “libelo nacional é porque foi politizado, partidarizado”. Embora achando que ocorreram “equívocos”, disse que “o melhor caminho que nós temos é a democracia: eu prefiro achar que, com tudo isso, cada membro do Supremo e todas as instituições devem fazer suas reflexões para a gente poder ir caminhando e fortalecer a democracia”.

Fonte: A Tarde

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