Conferência tenta desmistificar a energia nuclear

Quando estudos da Eletronuclear (estatal subsidiária da Eletrobras) indicaram a adequação do Nordeste para receber duas usinas nucleares em 2010, vários governadores iniciaram a disputa para garantir a novidade. No início de 2011, porém, o acidente na usina de Fukushima, no Japão, inflou a imagem negativa desse recurso, minando o interesse político no projeto, que acabou suspenso. Para tentar uma reaproximação com o tema, o Nordeste recebe pela primeira vez a Conferência Nuclear Internacional do Atlântico (Inac) da próxima segunda (25) a sexta-feira (29) no Centro de Convenções, em Olinda.

Durante os cinco dias, serão realizados três eventos convergentes: XVIII Encontro de Física de Reatores e Termo Hidráulica (Enfir), o XI Encontro sobre Aplicações Nucleares (Enan) e o III Encontro Nacional da Indústria Nuclear (Enin). Com a expectativa de receber cerca de mil pessoas, a ideia é aproximar pesquisadores, empresários e sociedade civil nos debates sobre o uso da energia nuclear.

A escolha do Estado para sediar o Inac não é por acaso: a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), uma das colaboradoras do evento, é a única da região que possui uma pós-graduação na área. Além disso, as pesquisas da Eletronuclear identificaram duas áreas no Estado propícias para receber uma usina: uma próxima a Petrolândia e outra nos arredores de Itacuruba, ambas no Sertão do Estado e perto do Rio São Francisco.

Novas tecnologias para a construção das usinas, aliás, são alguns dos destaques da conferência. Um exemplo é o resfriador atômico Corecatching, que não precisa ser ativado em caso de acidente, sendo uma opção mais segura. As usinas em módulos também são uma novidade onde 50% da quantidade de equipamentos usados na construção são reduzidos, abatendo o custo, estimado em R$ 10 bilhões (Belo Monte, por exemplo, foi orçada em R$ 16 bilhões).

Mas se engana quem pensa que desenvolvimento de tecnologia nuclear interessa apenas para construção de usinas. A programação também destaca suas aplicações na área médica e agricultura. Segundo a Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), hoje 3,5 milhões de procedimentos médicos do País utilizam radiofármacos (usados em diagnóstico e tratamento de doenças) e 90% deste número é importado do Canadá. A irradiação de alimentos e melhoria de espécies usadas na agricultura podem ajudar no controle de pragas e diminuição do uso de agrotóxicos.

O programa nuclear brasileiro como um todo será o tema de uma mesa redonda que pela primeira vez reunirá os presidentes das empresas do setor nuclear do País. Representantes de empresas francesas também estarão presentes contando a experiência do País que é 80% dependente da energia nuclear.

Durante a conferência, mais de 400 trabalhos serão apresentados. Escolas interessadas podem se inscrever para levar turmas de até 30 alunos para visitar gratuitamente a ExpoInac. Os custos totais do evento chegam a R$ 1 milhão, financiasos pelo CNPq, Capes, Facep e empresas privadas (contato pelo site do Inac). As inscrições custam R$ 200 para estudantes de graduação, R$ 300 de mestrado, R$ 400 de doutorado e R$ 1.400 para profissionais.

Fonte: NE10

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