Foragido da Lava-Jato, ‘Rei Arthur’ é preso nos Estados Unidos

Foto: Divulgação
Chico Otavio e Daniel Biasetto

Investigado e considerado foragido pela força-tarefa da Lava-Jato no esquema de compra de votos na eleição do Rio para receber os Jogos Olímpicos, o empresário Arthur Soares, conhecido como ‘Rei Arthur’, foi preso nesta sexta-feira em Miami, nos Estados Unidos. Ele estava foragido desde setembro de 2017 e constava da lista de procurados da Interpol. A informação foi confirmada ao GLOBO pelo Ministério Público Federal (MPF). Os trâmites para sua extradição devem se dar nos próximos dias.

Arthur Soares era alvo de um pedido de extradição feito pelo Ministério Público Federal (MPF) às autoridades americanas em 2017. À época, o empresário foi acusado, na Operação Unfairplay, de pagar propinas a membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que o Rio fosse eleito sede dos Jogos Olímpicos de 2016 . O governo dos EUA, porém, não havia antendido o pedido do Brasil.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, ele foi preso ao tentar renovar o visto americano.

Propina olímpica

Dono do grupo Facility, Arthur Soares era um dos principais prestadores de serviços terceirizados no governo Sérgio Cabral, em áreas como limpeza, segurança, alimentação e saúde. Segundo investigação do Ministério Público do Rio (MP-RJ), a Facility participava de licitações fraudadas e depois repassava valores dos contratos, de forma ilícita, a autoridades do Legislativo e do Executivo fluminense. Os contratos do empresário com o governo do Rio chegaram a totalizar R$ 3 bilhões na gestão de Cabral.

Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, em julho deste ano, Cabral admitiu ter comprado votos para a candidatura olímpica do Rio, no valor de U$ 2 milhões. O ex-governador disse que pediu a Arthur Soares que combinasse o pagamento com Leonardo Gryner, braço-direito do então presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman. Segundo Cabral, a verba seria descontada do “crédito” que tinha com o empresário — isto é, de parte das propinas que o ex-governador receberia do “Rei Arthur”.

O acerto do pagamento ocorreu, segundo o MPF, em Paris, em setembro de 2009, dias antes do evento que ficou conhecido como “Farra dos Guardanapos”.

No processo em que prestou depoimento, Cabral é acusado de receber US$ 10,4 milhões em propina de “Rei Arthur”, entre março de 2012 e novembro de 2013, e ocultar o valor no exterior, além de ter recebido um total de R$ 1 milhão no Brasil entre 2007 e 2011. De acordo com o MPF, o pagamento era feito no país com entregas de recursos em espécie, celebração de contratos fictícios com membros da organização criminosa e pagamento de despesas pessoais. Cabral negou a acusação e disse não ter contas no exterior, a não ser a que encerrou em 2003.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *