O último dos templários

Carlos Chagas

Voltaire escreveu “que acusações daquele tipo destruíam-se a si mesmas”, 500 anos depois de Felipe, o Belo, rei da França, Eduardo II, rei da Inglaterra, e o Papa Clemente, terem dissolvido e massacrado a Ordem dos Cavaleiros Templários para apropriar-se de suas fabulosas riquezas. Referia-se às injúrias levantadas contra a entidade, de que seus integrantes praticavam os piores pecados e as mais vergonhosas heresias. Eram mentiras que a Igreja e a realeza inventaram. Uma evidência de que a Humanidade vivia e ainda vive de pérfidas artimanhas para favorecer os interesses de suas elites.

O episódio se conta a propósito das acusações de parte do PT lançadas contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, a respeito de sua performance no julgamento do mensalão. Espalham que Joaquim Barbosa armou uma trama para denegrir o partido e o governo, visando beneficiar-se politicamente, candidato que seria à presidência da República. Teria sacrificado José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros no altar de sua ambição.

É preciso repor as coisas. Não obstante um passado mais do que louvável, os mensaleiros deixaram-se embriagar pelo poder. Imaginaram que podiam tudo, donatários de uma capitania supostamente hereditária. Quebram a cara quando pipocaram as primeiras denúncias de compra de votos na Câmara. Apurada a lambança, a natureza seguiu seu curso. Não se dirá que se fosse outro o relator do processo, o resultado seria o mesmo. Como foi Joaquim Barbosa, azar o dos bandidos. Roubaram e traficaram, sendo no final punidos, condenados e agora presos.

Como admitir-se que tudo não passou de um golpe do hoje presidente do Supremo para auferir vantagens pessoais? Só o desespero de certos companheiros flagrados entrando na caverna do Ali Babá explicará essa reação. Uma acusação que destrói a si mesma imediatamente depois de enunciada.

Montes de Templários foram presos, esbulhados e torturados. Seus bens, usurpados pelas coroas e pelo altar. Apesar disso, a Ordem conseguiu superar a desgraça. Salvou parte de seus tesouros, encontrou guarida em outras terras e, dizem, sobrevive até hoje. Vale o mesmo para Joaquim Barbosa. Não serão intrigas que o farão desistir.

ALÉM DA VAIDADE

Tem coisas que nem a vaidade explica. Por que o senador Randolfe Rodrigues será candidato à presidência da República? Imaginaria dispor o PSOL de votos suficientes para elegê-lo? Esperaria um milagre, à maneira daqueles praticados por Harry Potter? Desejaria contar o número de eleitores que conhecem o seu nome? Ignora-se como desenvolverá sua campanha, se do tipo do Dr. Enéas ou mais parecida com a de Plínio Salgado…

EXEMPLO A PERSEGUIR

Mário Covas era governador de São Paulo quando, em Brasília, Fernando Henrique arrancou do Congresso a emenda da reeleição. Ficou contra, não conseguiu convencer a bancada de seu próprio partido. Quando na hora das definições, verificou que a maioria dos tucanos paulistas não abria mão de sua permanência no poder, já que a lei permitia. Perdeu o sono por várias noites, mas no fim encontrou a solução: seria candidato a um segundo mandato, mas não a disputaria no exercício do poder. Licenciou-se, foi para os palanques e venceu. Um exemplo que Geraldo Alckmin não seguirá.

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