Rica em geoturismo, Floresta Petrificada ainda é pouco visitada

Com fragmentos de troncos de árvores fossilizadas, o local guarda evidências geológicas do período Jurássico, há 145 milhões de anos. Apesar da importância, o geossítio, que fica em Missão Velha, atrai apenas estudantes e pesquisadores

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A Floresta Petrificada recebe poucos visitantes. Há projetos para incluir o geossítio na rota do geoturismo
Foto: Antonio Rodrigues

Localizada no sítio Olho D’água Comprido, a seis quilômetros de Missão Velha, a Floresta Petrificada guarda um tesouro paleontológico incalculável. Importante para o estudo da paleobotânica e da evolução geológica, lá é possível encontrar fragmentos de troncos petrificados com aproximadamente 145 milhões de anos. Apesar da riqueza científica, dos nove geossítios que compõem o Geopark Araripe, este é menos visitado. Por isso, após 14 anos de sua inclusão no roteiro geoturístico do Cariri, o desafio é torná-lo ainda mais atrativo e protegido.

O geossítio é constituído por uma área de erosão que mostra camadas de rochas avermelhadas, o arenito da Formação Missão Velha, com cerca de 8m de espessura, onde ocorrem fragmentos de troncos petrificados. Estas peças evidenciam que, no período Jurássico, existiam na região colinas cobertas por florestas recortadas por rios que transportavam os troncos caídos e que eram depois depositados em meio às areias e argilas, sendo fossilizados ao longo do tempo.

Importância

O paleontólogo Álamo Feitosa enfatiza que é um importante geossítio justamente por ser o primeiro com material Jurássico anterior, por exemplo, aos fósseis que são encontrados em Nova Olinda e Santana do Cariri, que datam do período Cretáceo. “Os paredões contam um pouco da história geológica daquele paleoambiente, que aponta para rios entrelaçados, e vê-se que aqui tinha chuvas torrenciais, que levavam os trocos para os leitos dos rios e ficavam soterrados. É um retrato fiel do ambiente Jurássico, não só para a Bacia do Araripe”, ressalta.

Desafio

O guia de turismo Neyson Nascimento acredita que a Floresta Petrificada é o geossítio menos visitado, ao lado do Parque dos Pterossauros, em Santana do Cariri, pois o público é mais de cunho científico. “A maior procura são estudantes, universitários e pesquisadores. Sempre que nos procuram incluímos na rota, mas cabe ao cliente saber se quer conhecer ou não. Geralmente são de fora, de outros Estados. As pessoas daqui ainda não despertam tanto interesse”, acredita.

É justamente esta barreira que o Geopark Araripe espera romper em breve, ampliando a divulgação e dando mais estrutura ao lugar. Um obstáculo, por exemplo, é o acesso. Apesar da entrada estar às margens da CE-293, o acesso à trilha permanece fechado. A área é particular e a Universidade Regional do Cariri (Urca) tem um contrato de uso com o dono. As chaves ficam na posse de alguns guias cadastrados e com o próprio Geopark Araripe. “A gente facilita o acesso, é só entrar em contato com a gente ou com os guias”, ressalta o diretor executivo do Geopark Araripe, Nivaldo Soares. O Geopark Araripe tem um projeto para melhorar as condições de todos os geossítios. No caso particular da Floresta Petrificada, pretende melhorar a mobilidade, já que há muitos desníveis.

“Estruturar uma escada e acesso às pessoas com alguma limitação motora”, antecipa Nivaldo. O recurso seria investido este ano, mas não foi possível por conta da pandemia. Por isso, a Urca prevê que estas mudanças aconteçam a partir de 2021.

Unidade de conservação

O que facilitaria este processo seria a transformação do local em uma Unidade de Conservação. Isso partiria do interesse do proprietário ou da desapropriação. “Lá, temos dificuldade até de contabilizar visitantes, porque não tem um espaço de concentração deste número. Um museu em Missão Velha era o ideal, e estamos trabalhando desde o ano passado para sua criação. O Geopark daria o suporte técnico”, explica Soares.

O secretário de Meio Ambiente de Missão Velha, Reginaldo Macêdo, disse que a pasta já realiza limpezas periódicas no local e que mantém um bom diálogo com o proprietário, que facilitaria a possibilidade de criar uma Unidade de Conservação ali. “Não tem empecilho. Já temos ações no terreno. Com certeza, não teria problema”, adiantou, sem dar mais detalhes.

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