Há 76 anos, acontecia a libertação do Campo de Concentração de Auschwitz
Em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho encontrou ao menos sete mil sobreviventes na instalação, gravemente feridos e doentes
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha Nazista exterminou milhões de prisioneiros, principalmente judeus, em suas câmaras de gás especificamente desenvolvidas para o assassinato em massa. Um dos maiores campos de concentração, responsável pelo mais alto número de mortes, foi o de Auschwitz.
De acordo com a Enciclopédia do Holocausto, do United States Holocaust Memorial Museus (USHMM), apenas no complexo de Auschwitz (que contava com Birkenau, Monowitz e seus subcampos), por volta de 1 milhão de judeus foram mortos. Somente naquela região, morreram cerca de 1/6 do total de judeus assassinados durante o Holocausto.
Há exatos 76 anos, acontecia o episódio que ficou conhecido como Libertação de Auschwitz, quando o Exército Vermelho entrou nos campos de concentração nazistas pela primeira vez, encontrando apenas sobreviventes gravemente feridos e doentes no local. Auschwitz havia se tornado um símbolo terrível do Holocausto.
Os prisioneiros
Auschwitz nem sempre foi um campo de concentração nazista. Antes dos alemães ocuparem a Polônia durante a Segunda Guerra Mundial, o local era na verdade uma instalação militar. Mas, assim que a Alemanha Nazista invadiu o território, ela transformou em um ‘alojamento’ para presos políticos.
A guerra continou, e os nazistas ampliaram a instalação. Em agosto de 1941, eles testaram pela primeira vez um método que se tornou o mais comum durante o holocausto: colocar pessoas em salas trancadas com pesticidas — o famoso Zyklon B. Um grupo de prisioneiros russos foi o escolhido para morrer por meio da situação traumática.
Com o passar do tempo, cada vez mais pessoas eram levadas para o local. Crianças, idosos, pessoas com limitações físicas ou todas aqueles que não tinham condições físicas de trabalhar nos campos de concentração eram mortos nas câmaras de gás. O restante, trabalharia de forma forçada e exaustiva até que se decidisse pelo contrário.
Na rotina dentro da instalação, sofriam com maus tratos e fome, além de viverem em uma situação de completa falta de higiene. Por exemplo, sabe-se que as pessoas que faziam pouco esforço físico recebiam cerca de 1300 calorias diárias, já os que trabalham pesado, 1700 calorias. Com essa quantidade mínima de alimento, chegavam à exaustão, deterioração do corpo e até morte.
Além da fome, o próprio local já era terrível: eles viviam com ratos, dormindo um preso sobre o outro (devido à falta de camas), sem banheiro nem calefação. Cerca de 700 pessoas ocupavam cada um dos pavilhões do complexo de Auschwitz.
O Exército Vermelho passou a se aproximar do território de Auschwitz no final de 1944. Com eles cada vez mais a oeste, os nazistas começaram com o plano de tentar apagar os crimes que haviam cometido no local. A partir daí, suspenderam o uso das câmaras de gás e começaram a destruir os vestígios da prática.
Muitos dos prisioneiros foram obrigados a marchar para outros campos de concentração, com o objetivo de fugirem dos soldados soviéticos. Quem não conseguia seguir por esse caminho tortuoso era abandonado na instalação sem nada ou morto durante o trajeto.
Por esse motivo, ainda restavam pessoas em Auschwitz quando os combatentes chegaram no território. Cerca de 7 mil prisioneiros ainda estavam no campo de concentração naquele 27 de janeiro de 1945, incluindo por volta de 500 crianças. Largados à própria sorte, eles não tinham mais nenhuma esperança, estando enfermos, magros e feridos.
O campo de concentração se tornou um símbolo terrível do Holocausto causado pela Alemanha Nazista, demonstrando os horrores praticados durante aquele período da história. No entanto, é preciso lembrar que isso não é apenas algo que aconteceu no passado: o antissemitismo e tantos outros tipos de preconceito ainda estão presentes na nossa sociedade.
“Auschwitz faz parte de um processo que nós convencionamos chamar de ‘genocídio’ e que possui fases, etapas planejadas. Dentre elas, a identificação de indivíduos, a discriminação, a marginalização e a perseguição”, explicou à Aventuras na História Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba.
“Se pensarmos nesse processo… A ideia de que pessoas se sintam superiores a outras continua existindo. Seja em função da orientação sexual, da religião, da cor da pele, da nacionalidade ou por qualquer outro aspecto sociocultural, os ingredientes que levaram à construção de campos de extermínio nazistas ainda existem”, concluiu.