76 anos depois: A descoberta de esqueletos de freiras brutalmente assassinadas na Segunda Guerra

 

Grupos religiosos foram cruelmente perseguidos quando Exército Vermelho passou a invadir a Polônia

Fabio Previdelli
Uma das ossadas encontradas no local
Uma das ossadas encontradas no local – Instituto da Memória Nacional (IPN)

No dia 23 de agosto de 1939, a Alemanha cumpria sua parte e assinava secretamente o pacto de Ribbentrop-Molotov de não-agressão. Como resultado, a Polônia seria dividia entre alemães e soviéticos.

Assim, em 1º de setembro, os nazistas invadiram o país, tomando posse das ricas regiões industriais na parte ocidental. Já os soviéticos ficaram na parte oriental. Enquanto isso, parte dos poloneses ficaram encurralados na parte restante.

O pacto vigorou por dois anos, até junho de 1941, quando os alemães atacaram as posições soviéticas na Polônia, durante a conhecida Operação Barbarossa. A partir daí, o conflito entre nazistas e o Exército Vermelho passou a ser mais brutal, inclusive para quem não tinha nada a ver com essa história, como revela uma pesquisa recente, que encontrou os restos de três freiras católicas que foram assassinadas durante a Segunda Guerra.

A brutal ocupação

Quando os alemães começaram a se retirar da Alemanha, quase perto do final da Guerra, em 1944, os russos encontraram a oportunidade perfeita para assumir o controle do país. À medida que o Exército Vermelho prosperava rumo às cidades, seus soldados saqueavam e queimavam vilas, igrejas e edifícios religiosos.

O pacto foi assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros Joachim von Ribbentrop (Alemanha) e Vyacheslav Molotov (Rússia) / Crédito: Wikimedia Commons

 

Nada era poupado, inclusive as freiras, que eram tratadas “com especial crueldade”, segundo afirma relatório do Instituto de Varsóvia. Para se ter uma ideia, em fevereiro de 1945, as forças russas invadiram hospitais em Gdańsk-Wrzeszcz, Olsztyn e Orneta, onde freiras da ordem de Santa Catarina serviam como enfermeiras.

Lá, soldados espancaram e esfaquearam pacientes e atacaram as religiosas, causando ferimentos horríveis. Registros de 1945 documentam que soldados soviéticos massacraram sete freiras na Ordem de Santa Catarina de Alexandria, segundo representantes do Instituto da Memória Nacional da Polônia (IPN) revelaram ao Live Science, que divulgou a descoberta.

As buscas

As primeiras escavações começaram em Gdánsk, em julho de 2020, onde os arqueólogos descobriram os restos da irmã Charytyna (Jadwiga Fahl), conforme aponta relatório da IPN. Dois meses depois, foram revelados o que acredita serem os esqueletos de Irmã Generosa (Maria Bolz), Irmã Krzysztofora (Marta Klomfass) e Irmã Libéria (Maria Domnik), todas às enfermeiras do Hospital St. Mary de Olsztyn.

Crucifixo encontrado no local / Crédito: Instituto da Memória Nacional (IPN)

Assim, faltavam apenas a descoberta de três freiras. Para isso, em dezembro, o cemitério municipal de Orneta, que mede cerca de 20 metros quadrados, foi vasculhado, já que há registros de arquivos locais, como um plano de sepultamento desenhado à mão, que mostram que elas estiveram por lá.

Para chegar às sepulturas de 1945, no entanto, eles tiveram que exumar corpos mais recentes, que estavam em cima delas. Supreendentemente estavam certos, já que localizaram os restos que dizem pertencer às últimas três religiosas do grupo: Irmã Rolanda (Maria Abraham), Irmã Gunhilda (Dorota Steffen) e Irmã Bona (Anna Pestka).

Segundo relatório da IPN, a idade e sexo dos restos mortais e a presença de vários objetos religiosos indicavam que os esqueletos fossem das freiras assassinadas.

Iagens aéras das escavações / Crédito: Instituto da Memória Nacional (IPN)

 

Além disso, diversos artefatos religiosos foram encontrados: o incluíam artigos de vestuário associados à ordem de Santa Catarina, pequenos rosários com contas polidas, rosários maiores para usar em um cinto, uma cruz incrustada com desenhos de metal e dois medalhões com imagens da sagrada família.

O rosto da irmã Rolanda “estava mutilado e inchado, irreconhecível”, e a irmã Gunhilda foi baleada três vezes, de acordo com o IPN. Já a irmã Krzysztofora morreu após “uma longa luta com um soldado soviético”. No momento de sua morte, seus olhos foram arrancados, sua língua cortada e ela foi esfaqueada com uma baioneta 16 vezes.

Medalhão e cruz encontrados no local / Crédito: Instituto da Memória Nacional (IPN)

 

A análise de DNA dos sete esqueletos está em andamento no Instituto de Medicina Forense em Gdańsk para confirmar a identidade das freiras, e o clero católico na Polônia está buscando a beatificação das irmãs assassinadas. O artigo com mais informações pode ser consultado no site do Instituto da Memória Nacional da Polônia.

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