A controversa morte do Imperador Romano Cláudio, um enigma de quase 2 mil anos
Muitas especulações foram levadas em decorrência de sua morte, mas ganância de uma pessoa muita próxima de Cláudio teria ocasionado seu óbito
Tibério Cláudio César Augusto Germânico foi quarto imperador romano da dinastia júlio-claudiana, no entanto, não teve grande prestígio no ínicio de sua trajetória: até chegar ao posto de soberano de Roma, teve de enfrentar o desprezo e o desdenho de sua família. Isso porque o consideravam rude e pouco atraente, além de gago, foi registrado que tinha o nariz escorrendo permanentemente e a cabeça trêmula — que gerou uma teoria de uma possível paralisia cerebral.
Por conta desses fatores, Cláudio ficou o mais distante possível do poder, até que assassinaram seu sobrinho Calígula em 41 d.C, e a Guarda Pretoriana o escolheu como imperador. O Senado, na época, teve que concordar com a medida. Entretanto, como se os seus problemas fossem raros, ele teve que enfrentar mais um: no ano de 48 d.C., sua terceira esposa, Valeria Messalina, tentou realizar um golpe contra o seu governo em companhia de seu último amante, Gaius Silius — não deu certo. Messalina se suicidou e Silius foi executado.
Mas mal sabia Cláudio o que estava por vir. O imperador decidiu em primeiro momento que não iria se relacionar mais e, se o fizesse, que a Guarda Pretoriana batesse em sua cabeça; isso era a sua idealização, na prática, ocorreu o contrário. Poucos meses depois ele acabou se casando com uma moça mais fatal do que a anterior, e também mais jovem que ele: sua sobrinha Agripina, irmã de Calígula. Ela tinha 33 anos; ele 58. A história não terminaria bem.
Incesto e morte
Em decorrência de ambos serem primos, o Senado teve que intervir criando um decreto especial para autorizar o que seria a consumação de uma união incestuosa, portanto ilegal. A relação começou de uma maneira atribulada. Não demorou para que Agripina ficasse grávida de Cláudio. Tiveram o menino Nero. Assim, ela determinou que seu filho fosse o sucessor do marido, e não o filho Britânico que o imperador tivera com Messalina.
Contudo, em 12 de outubro de 54 d.C., o soberano promoveu um banquete no Capitólio, onde dispunha da ajuda de seu provador, o eunuco Halotus. Todavia, desconhecia que a ocasião representaria a sua última refeição. E é nela que mora o “x” da questão desta matéria. Os rumores referentes a morte de Cláudio foram vários, desde a que foi atingido enquanto assistia a uma performance de atores, até o envenenamento causado por Agripina. Essa última hipótese seria a mais consumada pela opinião romana.
Busto de Agripina. Mãe do Imperador Nero / Créditos: Wikimedia Commons
Em razão de a esposa ter a ganância maior do que os afetos, dado que não desejava esperar o crescimento de seu filho Nero para que ele fosse coroado a Imperador, também temia a possibilidade de Cláudio colocar o outro filho, o Britânico, como seu herdeiro.
Segundo Tácito (historiador romano), Agripina mandou o provador Halotus alimentar Cláudio com um cogumelo estragado e, quando isso não teve efeito, um médico colocou uma pena envenenada em sua garganta. Outra probabilidade para o óbito foi a relatada por Suetônio, que atribuiu a Agripina a tentativa de dar um mingau azedo para o marido.
A esposa, para não levantar suspeitas depois desse ocorrido, optou por esperar a ocasião certa para informar a todos sobre a morte. Quando o momento foi favorável, notificou a Guarda Pretoriana, e essa escoltou Nero para ser aclamado como Imperador. Entrentanto, a esposa de Cláudio também seria vítima de um episódio fatal. Em 59 d.C., Nero enviou um oficial de confiança para matar a mãe. Ela, ao que tudo indica, teria pedido para o subordinado enfiar uma lança em seu útero, o útero que carregara Nero.