Restos encontrados 104 anos depois: Os soldados alemães que foram em um túnel na Primeira Guerra
No ano de 1917, um grupo de soldados ficou preso após um ataques de seus rivais franceses, de modo que morreram no local
No dia 4 de maio de 1917, soldados franceses bombardearam as entradas de um túnel no qual se encontravam seus rivais de guerra alemães. Os homens ficaram presos e, em razão da falta de água, alimentos e oxigênio, acabaram morrendo uns após os outros. Diante da agoniante situação, alguns deles, inclusive, tiraram a própria vida, enquanto outros pediram que os companheiros os aliviassem do sofrimento.
Contudo, segundo a BBC, de alguma forma, três daqueles soldados conseguiram sobreviver até serem resgatados.
“Todo mundo estava pedindo água, mas foi em vão. A morte riu de sua colheita e montou guarda na barricada, para que ninguém pudesse escapar. Alguns deliraram sobre resgate, outros por água. Um camarada deitou no chão ao meu lado e grasnou com uma voz entrecortada para que alguém carregasse sua pistola para ele,” relatou Karl Fisser, um dos sobreviventes.
Contudo, devido às inúmeras tarefas da guerra, ninguém teve tempo de voltar para procurar os corpos dos companheiros, e o resultado foi que, ao final da guerra, não se sabia mais a localização dos mesmos.
Em busca do túnel Winterberg
Anos mais tarde, um homem chamado Alain Malinowski, decidido a desfazer o mistério, iniciou uma incessante busca pelo famoso túnel. Era década de 1990 e, desde então, ele passou realizar visitas constantes aos arquivos de Paris.
Malinowski seguiu em suas pesquisas ao longo de 15 anos até que, em 2009, encontrou um mapa contemporâneo que indicava tanto o túnel Winterberg quanto outros dois caminhos extistentes ainda nos dias atuais.
Analisando o documento encontrado, ele conseguiu encontrar o local. Entretanto, por mais que o pesquisador tenha alertado as autoridades sobre a descoberta, ao longo de um período de 10 anos nada aconteceu, talvez porque não havia qualquer interesse por parte do governo em abrir o local ou então porque não acreditavam em Malinowski.
Mas tudo mudou quando seu filho, Pierre, entrou em cena. Ele, que comanda uma fundação de rastreamento de mortos de guerras localizada em Moscou, decidiu por si só abrir a sepultura.
A tese se confirma
Certa noite, em janeiro de 2020, o historiador levou uma equipe até o túnel, mesmo se tratando de uma ação ilegal. Com o auxílio de uma escavadeira, exploraram o local, e o que eles avistaram comprovou que Alain estava certo.
Lá, havia uma campainha, um rifle, duas metralhadoras, uma baioneta e inúmeras máscaras de gás. Além disso, foram vistos corpos no local.
Passados dez meses desde que comunicou sua nova descoberta, sem resposta das autoridades, Malinowski decidiu tornar o caso de conhecimento do público e o informou ao Le Monde.
Desde então equipes estão restreando possíveis descendentes das pessoas que morreram no túnel. Com sorte, o 111º Regimento já conseguiu identificar nove soldados que morreram entre os dias 4 e 5 de maio de 1917.
“O que eu espero é que os corpos possam ser retirados e identificados por suas etiquetas de identificação. Então o que seria apropriado é que eles deixem este túmulo frio e assustador e sejam enterrados juntos como camaradas,” disse Mark Beirnaert, genealogista e pesquisador da Primeira Guerra Mundial.