Túneis do medo: A enorme cidade subterrânea de Hitler
Em meados de 1940, o Führer criou um projeto ambicioso, que, se completo, abrigaria mais de 20 mil pessoas no subsolo
Projetos, esquemas e rascunhos de bombas eram apenas alguns dos arquivos protegidos por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Com dezenas de planos mirabolantes na cabeça, o austríaco sonhava com o esconderijo perfeito.
Assim, em meados de 1940, ele teve uma ideia suntuosa, que sairia do papel em pouco tempo. Aos pés das montanhas Sowie, no sudoeste da Polônia, o complexo subterrâneo de Osówka daria início ao Projeto Riese — gigantesco, em alemão.
Na fronteira com a República Tcheca, então, dezenas de túneis subterrâneos seriam escavados, em um projeto arquitetônico ambicioso. Tudo, é claro, supervisionado por Albert Speer, ministro da produção de armamentos e amigo pessoal de Hitler.
Esconderijo perfeito
As plantas do Projeto Riese chegavam aos pés de uma ideia megalomaníaca. Com dezenas de bunkers enormes, interligados por túneis bastante longos, a ideia era criar uma verdadeira cidade subterrânea, com cerca de 35 km2.
Caso fosse terminada e realmente utilizada pelos simpatizantes de Hitler, a área teria a capacidade de abrigar 20 mil pessoas. Entre os possíveis ocupantes, muitos seriam soldados e cientistas alemães, focados em produzir ainda mais projetos do Führer.
Além de bunkers imponentes, a cidade subterrânea ainda contaria com fábricas de bombas. Nelas, Hitler poderia colocar em prática as temidas bombas atômicas nazistas que, por sorte, nunca saíram do papel.
Papéis e documentos
Em meados de 1943, Albert Speer deu início às primeiras construções do complexo subterrâneo. Naquela época, a Baixa Silésia, região polonesa onde a estrutura tomou lugar, ainda fazia parte da Alemanha.
Abandonado às pressas ao final da Segunda Guerra, o complexo de Osówka é um dos maiores do Projeto Riese e conta com um salão principal de 8 metros. Em seus túneis, uniformes, máscaras de gás, armas de grande calibre, gás e picaretas resistem ao tempo.
O que se sabe hoje sobre os enormes bunkers, no entanto, é resultado de longas e minuciosas pesquisas históricas. Isso porque, ao final do conflito, Hitler mandou destruir todos dos documentos e plantas do projeto.
Sangue e suor
Abaixo da terra, os túneis de Osówka se estendem como teias, todos escavados pelos escravos do nazismo à época. Vindos do campo de concentração de Gross-Rosen, mais de 13 mil judeus trabalharam nas obras complexas. Estima-se que, graças às condições insalubres, cerca de 5 mil deles morreram na construção.
O enorme número de mortes, no entanto, seria ainda maior caso os bunkers tivessem sido terminados. Em suas memórias, Albert Speer escreveu que a preocupação de Hitler com a própria sobrevivência chegava a “níveis insanos”.
Dessa forma, acredita-se que o projeto atingiria medidas absurdas. Se a guerra tivesse durado mais dois anos, segundo alguns estudiosos, o Projeto Riese estaria funcionando em sua totalidade, considerando o ritmo das construções.
Abandono e herança
Apesar do tamanho das construções e de sua importância histórica, acredita-se que, a partir de correspondências de Albert Speer, apenas 10% dos túneis tenham sido descobertos. Isso porque, atualmente, escavar a área é bastante caro.
Dessa forma, enquanto universidades não demonstram tanto interesse em descobrir mais túneis, explorações privadas e milionárias tomam conta dos artefatos encontrados. A motivação deles, todavia, é encontrar ainda mais tesouros, como a Sala de Âmbar, saqueada pelos soldados da SS durante a Segunda Guerra.
Os túneis nazistas, contudo, se estendem além do esperado. A mais de 60 metros abaixo do castelo de Książ, que estava sendo reformado para ser a futura residência de Hitler, dois andares de galerias também foram construídos. Junto de Osówka, a estrutura deixa clara a urgência do Führer em encontrar um abrigo permanente durante o conflito.
Confira mais imagens da cidade subterrânea: