Por que o amarelo estava tão presente nas pinturas de Van Gogh?
Entenda o motivo pelo qual o grande artista tinha preferência pelos tons amarelados
Vincent Van Gogh é, certamente, um dos mais importantes personagens da história da arte e também um dos mais populares.
Conhecido por seus autorretratos, quadros de flores e pinturas que retratavam móveis de madeira, como o famoso “Quarto em Arles”, o artista pós-impressionista, que viveu durante a segunda metade do século 19, é uma figura extremamente intrigante em diversos aspectos.
Dentre diversas questões que surgiram com o passar dos anos, o motivo pelo qual o holandês utilizava tanto o amarelo é uma das que mais gera inquietações entre os amantes da arte.
As pinturas, outrora em cores intensas, hoje apresentam um tom intermediário entre o amarelo e o marrom, mas há uma explicação simples para o fenômeno.
É provável que a exposição aos raios ultravioleta tenham provocado alterações químicas no pigmento amarelo. A partir desta hipótese, temos que a redução do cromo de Cr (VI) para Cr (III) ocasionou o escurecimento da tinta.
Contaminação
Provavelmente, o pintor tinha preferência pelo amarelo em razão de uma condição de saúde: uma planta medicinal chamada dedaleira, utilizada por Van Gogh para tratar de suas crises de epilepsia e confusões mentais, teria causado uma contaminação.
Apesar de suas propriedades capazes de amenizar o sofrimento dos pacientes, a mesma planta, se utilizada em excesso, também era capaz de levá-los à intoxicação.
Conhecida como xantopsia, a doença desenvolvida a partir da contaminação pela flor pode alterar percepção das cores em seres humanos. Desta forma, o autor de “Os Girassóis” teria passado a enxergar os objetos ao seu redor em tons amarelados.
Teria sido Paul Gachet, médico pessoal do holandês, quem receitou a planta ao talentoso pintor. O artista, inclusive, chegou a realizar uma pintura na qual Gachet aparece com um buquê de dedaleiras.
O artigo ‘Qué misterios esconden las pinturas de Vincent van Gogh?’, de Raúl Rivas González, professor de Microbiologia da Universidade de Salamanca, explica que o profissional sabia dos efeitos da utilização da planta em excesso e teria alertado Van Gogh sobre o problema.
Contudo, o holandês não soube utilizar a flor em seu benefício e passou a enxergar o mundo em tons amarelos, de modo que retratou sua experiência em suas obras.
Claro que os quadros não eram monocromáticos. Também o azul e o branco eram utilizados em grande escala pelo artista de maneira muito equilibrada como no caso de “A Noite Estrelada”.
No entanto, com o agravamento da xantopsia, o branco e o amarelo teriam se tornado indistinguíveis para Van Gogh, assim como azul se confundiria facilmente com o verde. Para alguns especialistas, o pintor sofreria desta doença em grau moderado.
Entre aqueles que estudam a vida do artista pós-impressionista, há ainda outra teoria: a de que Van Gogh sofreria de um glaucoma subagudo de ângulo fechado, o que explicaria os “halos”, os círculos que o artista costumava pintar em suas obras, a exemplo de “Café Noturno” e “A Noite Estrelada”.