Notória saga do espião transgênero da realeza da França no século 18
Chevalier d’Éon viajava a países inimigos com seus trajes de mulher
Antes de ser sepultado em 1810, o corpo de um nobre francês de 81 anos foi minuciosamente investigado por autoridades médicas de Londres. O motivo era curioso: descobrir se Chevalier d’Éon era um homem ou uma mulher.
Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée d’Éon de Beaumont, mais conhecido como Chevalier d’Éon, nasceu em 5 de outubro de 1728. Filho de um importante funcionário do rei Luís XV, ele foi cuidadosamente educado e se tornou um homem carismático e inteligente, e também um talentoso esgrimista.
Trabalhando em altos cargos do serviço público, d’Eon teve sua vida completamente transformada após ser recrutado para fazer parte do Segredo do Rei, um serviço de espionagem francês.
Para auxiliar na tomada de decisões diplomáticas e militares, Luís XVcontava com dois serviços: os canais oficiais e os secretos. O Segredo do Rei, que fazia parte do segundo grupo, realizava missões em países importantes para os interesses da França.
Missões de Espionagem
Como primeira missão, d’Éon recebeu a tarefa de viajar para a Rússia usando uma identidade falsa. Naquela ocasião, ele se vestiu de mulher pela primeira vez, realizando uma tarefa essencial perante a corte russa.
Após a vitória dos ingleses na Guerra dos Sete Anos, d’Éon foi enviado para a Inglaterra como diplomata, com a missão de identificar fraquezas na corte Inglesa. Seu gosto por roupas femininas e sua aparência andrógina eram cada vez mais presentes, o que levou a Bolsa de Valores de Londres a fazer apostas sobre qual era seu verdadeiro sexo biológico.
Retornando à França em 1774, ele já se vestia de mulher o tempo inteiro, passando a declarar ter nascido mulher – o que foi aceito por aristocratas como Luís XVI e Maria Antonieta. Mas a época da aristocracia estava chegando ao fim: o estouro da Revolução Francesa fez com que ele e outros nobres caíssem na pobreza.
Voltando à Inglaterra, Chevalier d’Éon passou a vender suas joias e livros, sendo visto frequentemente lutando por algum dinheiro em torneios de esgrima, com seus vestidos de mulher.
O relatório feito pelos médicos após a morte de d’Éon declarou que, de fato, seus órgãos sexuais eram masculinos.