Documentos enviados à CPI do Genocídio no Senado mostram que após ignorar ofertas de fabricantes e consórcios sobre as vacinas contra a Covid-19, o general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, reclamou, no mês de março deste ano, com a Organização Mundial de Saúde (OMS) por não conseguir comprar o imunizante.
Em mensagem ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom – alvo de críticas recorrente de Jair Bolsonaro -, Pazuello diz que o Brasil tinha “recursos financeiros, logísticos e operacionais” para a imunização, mas vinha “enfrentando severas limitações no acesso aos insumos necessários à fabricação da vacina, bem como a vacinas finalizadas contra a Covid-19”. A informação é de Lauro Jardim, no jornal O Globo.
No comando do Ministério da Saúde, Pazuello obedeceu Bolsonaro à risca, retardou a adesão ao consórcio Covax Facility e ignorou mais de 100 e-mails de oferta de vacinas enviados pela Pfizer.
Cloroquina
Por outro lado, o Ministério de Relações Exteriores, sob o comando de Ernesto Araújo, atuou insistentemente para compra de insumos para produção de cloroquina.
Segundo o jornal O Globo, documentos enviados à CPI mostram que o Itamaraty atuou 84 vezes para garantir o abastecimento da cloroquina.
Entre os documentos, está um telegrama que transcreve uma conversa de Bolsonaro pedindo a intercessão do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para liberar 530 quilos de cloroquina para a farmacêutica EMS, em lobby descarado para o empresário Carlos Sanchez, o “rei do genérico”.
Documento enviado pelo Ministério da Saúde à CPI mostra que o governo distribuiu mais de 6 milhões de comprimidos de cloroquina e hidroxicloroquina entre março de 2020 e abril de 2021 para combater a Covid-19. Somente as terras indígenas receberam 100,5 mil unidades em junho do ano passado.
Araújo e Pazuello fazem parte da lista de 14 investigados pela CPI do Genocídio, que foi divulgada na última sexta-feira (18) pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).