Laboratórios querem maconha uruguaia para usar em medicamentos

Laboratórios médicos de Canadá, Chile e Israel estão interessados em comprar a maconha que será plantada no Uruguai quando a nova legislação que descriminalizará a produção e venda da droga entrar em vigor. Princípios ativos da cannabis são usados em medicamentos que tratam sintomas de esclerose múltipla e de epilepsia infantil. A informação foi confirmada pelo subsecretário da Presidência do Uruguai, Diego Cánepa, em entrevista ao periódico “El Observador”.

Segundo o jornal, empresas canadenses já entraram em contato com políticos e organizações sociais do Uruguai querendo mais detalhes sobre a nova lei que autorizará a venda de até 40 gramas mensais de maconha em farmácias para uruguaios e residentes e que permitirá o cultivo de cannabis por associações e cidadãos que se cadastrarem para tal. As empresas, que atualmente compram maconha para pesquisas científicas e uso medicinal na Holanda, estariam interessadas em negociar com o Uruguai.

A Junta Nacional de Droga do país também foi contatada por laboratórios de Israel e Chile. Algumas dessas empresas, segundo o “Observador”, estariam interessadas em manter fábricas no país. “É verdade que nos consultaram para se instalar no Uruguai, o que implica um grande desafio. Se bem não era um objetivo da lei, o Uruguai se transforma em um polo de biotecnologia. É uma área de enorme competência que está em pleno desenvolvimento”, afirmou Cánepa.

A exportação de maconha não está prevista nem proibida na lei que descriminaliza a venda e compra da droga no país, aprovada no dia 10 de dezembro. Preocupação Segundo a Secretaria de Serviços Agrícolas do Uruguai, ainda não há nenhum projeto sobre exportação de maconha, já que a preocupação maior do governo é colocar em prática a venda da droga nas farmácias nos próximos meses. A ONG Proderechos, uma das apoiadoras da nova lei uruguaia, não vê problema na exportação da erva ou na instalação de laboratórios no país caso isso venha a ocorrer de fato.

“Não fazemos objeção ao investimento estrangeiro no país. Mas como estamos na América Latina isso terá que ser bem feito, teremos que saber de que maneira esses investimentos seriam feitos. E temos mão de obra capaz de trabalhar aqui no Uruguai em pesquisa científica”, disse à Folha de S.Paulo Martín Collazzo, um dos diretores da entidade. “É melhor desenvolver a indústria aqui a exportar maconha”, completa.

Fonte: Estadão

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