Viúva de Saramago fala da relação dele com os livros
Ele lia muito, porque ler é a melhor forma de alimentar nossa sensibilidade. Respeitava igualmente os leitores e os escritores
Em entrevista ao Correio, Pilar del Río se lembra dos leitores preferidos do José Saramago, como Fernando Pessoa, Jorge Luis Borges e Carlos Drummond de Andrade. “Ele lia muito, porque ler é a melhor forma de alimentar nossa sensibilidade. Respeitava igualmente os leitores e os escritores.” Apaixonada, destaca: “José Saramago tira nossos pés do chão”.
Os países latinos parecem digerir Saramago mais facilmente…
Perdão, mas, nos Estados Unidos, por exemplo, José Saramago é muito lido, os livros se reeditam continuamente. São utilizados como roteiros, levados ao cinema. Saramago recebeu, por lá, o título de doutor honoris causa. Há estudos sobre sua obra, teses de doutorado… Creio que, entre os autores cultos, é um dos mais procurados. A caverna figurou na lista de mais vendidos, assim como O evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a cegueira…
As feiras literárias são uma realização, uma conquista que precisa ser potencializada. Saramago adorava ir à Feira de Guadalajara e outras, como a de Lisboa, que são feiras de leitores e escritores, de encontros, como a Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco) ou a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), no Rio de Janeiro. A diferença de Frankfurt é que se trata de uma feira de negócios, de editores, onde o autor se sente perdido frente à vórtice do mercado. Saramago não tinha problemas com a Feira do Livro de Frankfurt, mas digo que ele não voltaria por não ser o seu lugar, e sim do seu agente.
Surpreende saber que muitos desconhecem a obra de José Saramago?
Creio que muitos não conhecem Mozart… Lamento, pois conhecer as pessoas que engrandeceram nossos tempos é crescer em sabedoria e sensibilidade. Mas assim é a vida.