Visita de Lula prova que ACM Neto terá dificuldade de desnacionalizar eleição

A visita de Lula e as referências ao ex-presidente tem dominado o noticiário e movimentações na pré-campanha

Por: Victor Pinto

Inegável a propulsão tomada pela pré-campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) após o contragolpe que envolve o MDB, Geraldo Júnior e a Câmara de Salvador. Mas, principalmente, a visita do ex-presidente Lula (PT) foi a maior responsável. A bênção necessária de fato aconteceu e os mais céticos dos mais céticos da política reconhecem um embalo que faltava ao nome do PT em algumas regiões.

Por mais que ACM Neto (UB) defenda a desnacionalização da disputa, ela se coloca a cada dia evidente no reflexo junto ao povo. A cúpula petista – vide Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT) – é possuidora de uma certeza de vitória no primeiro turno e uma reação nas pesquisas até maio. Novos levantamentos devem ser encomendados na segunda quinzena de abril para medir em números esse real impacto já visto em algumas frentes.

choro de Rui pela lealdade a Wagner diante das especulações de um eventual racha entre criador e criatura e a fala de estreia de Geraldo Júnior foram dois de alguns fatos importantes no evento da quinta-feira (31).

O discurso macio de Lula foi outro ponto de registro, por mais que Wagner negue essa suavidade. Conversei com o senador no fim de semana que disse achar ter ficado claro quem é o futuro candidato apoiado pelo ex-presidente. Por mais que estivesse certo, era esperado, e até a estátua de Luís Eduardo Magalhães em frente a AL-BA no CAB sabe, um discurso mais aguerrido, incisivo de oposição. Foi ao contrário: Lula já iniciou dizendo que não bateria em ninguém e queria contar sobre o legado dos 16 anos do PT.

Essa atitude teria surpreendido até o próprio ACM Neto que também esperava “porradas”. Pelo contrário: passou batido. Ao ponto da coletiva de imprensa ter sido derrubada com uma centena de jornalistas ávidos por declarações lulista sobre o ex-prefeito de Salvador, a chegada do MDB ou o rompimento com João Leão (PP).

Lula também deixou claro ainda não ter um entrosamento com a chapa do Executivo, mas mostrou ser diferente com Otto Alencar (PSD), pré-candidato à reeleição ao Senado, cujo prestígio com o petista tem andado em alta.

O ex-presidente sabe não ter eleição fácil e se não puder atrapalhar o recebimento do voto de qualquer frente que seja ele não vai provocar acirramento. A dicotomia do petista com Bolsonaro será algo fundamental para ajudar na tática eleitoral, tanto que João Roma (PL), em entrevista recente a Veja, se coloca como único opositor ao PT na Bahia, algo que joga Neto para cima do muro no desenho do tabuleiro.

Por falar nesse jogo, o aniversário de 60 anos de Eleusa Coronel, esposa do senador Coronel, foi o comentário do fim de semana. A foto de Jerônimo e Neto, com o ex-secretário da Educação “trolando” com o “L” de Lula, foi a repercussão da vez. O clique, pelo sabido, foi do deputado estadual Junior Muniz que está de volta ao PT. Para muitos, o “L” de Lula foi a história de bandeja à Roma que quis imputar a campanha de Lula a Neto, algo que contraria a tática petista de colocar o BolsoNeto (o deputado Samuel Araújo que o diga). Para outros a foto repercutiu a favor de Jerônimo pela brincadeira que ajudou a correr sua imagem.

Por mais que pensem contra ou a favor do discurso ou da foto, fato inegável foi o domínio de Lula no noticiário local da política da última semana. Isso mostra que vai ser muito difícil a Neto emplacar a desnacionalização do voto casado. Jerônimo tem um trunfo que Rui não teve: a possibilidade de ter Lula na urna. Neto vai ter que correr por fora para frear essa bola de neve. Se vai conseguir, só dia 2 de outubro para dizer.

(BNews)

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