Integrante do DCE da UFRJ defende recursos para políticas de permanência na escola
A pauta mais importante do movimento estudantil nas manifestações por todo o país é garantir a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas produzidas no país – em educação pública. Para o integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Tadeu Lemos, a medida é a saída para resolver os problemas atuais da educação brasileira. Além disso, o estudante defende a liberação de R$ 2,5 bilhões para as políticas de permanência dos alunos nas escolas e universidades.
“Assistência estudantil. No caso da universidade, treinamento dos profissionais, restaurante universitário, bibliotecas. Isso tem que sair também para o ensino médio e técnico, para combater a evasão escolar. Temos que ampliar as vagas, mas não pode ser de qualquer jeito”, disse em entrevista à Agência Brasil, o estudante de história da UFRJ. “A gente tem dentro da universidade só 15% da juventude em idade de estar no ensino superior. Desses 15%, mais de 30% estão nas universidades privadas e não públicas, ou seja, pagando para estudar, o que é um absurdo”, completou.
Ele lembrou que também fazem parte das reivindicações, a valorização dos professores e técnicos em educação, melhoria da infraestrutura das escolas (incluindo internet e materiais didáticos), além do passe livre desde o ensino básico até o nível superior. Segundo ele, o movimento estudantil espera que em todas as esferas os governos comecem a dar mais atenção às pautas dos movimentos sociais. “A gente espera que neste momento se escute a voz das ruas e a gente aumente de fato os investimentos em educação e saúde.”
Para o especialista em financiamento para Educação e professor de Política Educacional da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nicholas Davies, é importante garantir mais recursos para o setor, mas é preciso também fiscalizar a aplicação do dinheiro. “Não adianta só destinar mais recursos para a educação. [Isso] é importante, mas o problema é garantir também que os recursos sejam, realmente, aplicados na educação e que não haja desvios, que não haja corrupção”, disse. Ele defende também a valorização do professor por meio de cursos de capacitação, mas ressalta que também é fundamental proporcionar melhores salários.
A secretaria municipal de Educação do Rio informou que criou a Escola de Formação do Professor Carioca Paulo Freire, para capacitar os professores da rede municipal com cursos de formação continuada de forma presencial, semipresencial e a distância, além de oferecer bolsas para mestrado e doutorado.
Além disso, de acordo com o governo do estado, a partir de julho, a Secretaria de Educação começará a entrega de 10 mil tablets como premiação dos alunos da rede estadual de ensino que mais se destacaram nos resultados de 2012, do Sistema de Avaliação da Educação Básica da Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro (Saerj). O governo do estado explicou que a avaliação, criada em 2008, tem o objetivo de identificar os conhecimentos e habilidades dos alunos da rede em diversas disciplinas.
No Rio de Janeiro, o governo considera que houve avanço na educação do estado, principalmente em relação ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em um ano, o estado do Rio saiu da 26ª posição para a 15ª no Ideb.
Mas para o integrante do DCE da UFRJ, que tem participado de manifestações, o ensino nas escolas da rede pública do estado e do município do Rio de Janeiro é “centralizado”. “O professor tem pouca autonomia pedagógica e isso prejudica. As escolas não são espaços de liberdade. Hoje para resolver a segurança você faz a escola ser um lugar mais tranquilo que envolva a comunidade ou bota PM [Polícia Militar]? Qual a formação pedagógica de um policial para atuar dentro de uma escola?”
A coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação do Rio de Janeiro, (Sepe), Marta Moraes, destaca que tanto no estado quanto no município as escolas não têm autonomia e há problemas de turmas superlotadas. “As escolas do município têm que seguir um currículo único que engessa os professores”, disse.
Para a Secretaria Municipal de Educação, o currículo básico, adotado no dia 1º de janeiro de 2009, é uma das três medidas fundamentais implantadas no município. As outras são a realização de provas bimestrais e um programa intensivo e contínuo de reforço escolar.
A diretora do Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Professor Lauro de Oliveira Lima, em Rio das Pedras, zona oeste do Rio, Heloísa Moreira, disse que o currículo único nivela a educação no município.”Não tem nenhuma receita de bolo nem mágica. A gente faz o dia a dia acontecer. O caderno pedagógico simplesmente está disponível para todos. Não em grandes segredos. É um grande facilitador do nosso trabalho e só enriquece”, informou a diretora que está à frente do Ciep há 21 anos.(Agência Brasil)