O Primeiro Bairro de Salvador

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Edmilson Macedo 

 

O Primeiro Bairro da suburbana
A história do primeiro bairro do subúrbio ferroviário, Plataforma, tem relação com a luta de independência do Estado. O marco do seu surgimento é a chegada do príncipe holandês Maurício de Nassau que desembarcou na praia, em abril de 1638. Época também do embate na tentativa holandesa de invadir a cidade, durante o qual a Capela de São Brás, erguida naquele século, serviu de refúgio.
O principal acesso é a Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Suburbana, inaugurada no governo de Luís Viana Filho em novembro de 1970. A via com 13,4 quilômetros se estende pelo subúrbio ferroviário, ligando Paripe, Lobato, Plataforma, Itacaranha, Escada, Praia Grande, Periperi e Coutos. As comunidades que surgiram em torno de Plataforma também pertencem ao bairro como São João do Cabrito, São Braz, Alto do Bariri, Conjunto Senhor do Bonfim e Planalto Real, totalizando cerca de 50 mil habitantes, segundo dados da Administração Regional (AR-17) que cuida de grande parte do subúrbio ferroviário.
Morador antigo, o ferroviário aposentado José da Silva Galvão, 72 anos, diz que o nome do bairro foi originado de uma balsa no formato de uma plataforma flutuante que fazia a travessia para a Ribeira na época em que outros meios de transportes não existiam. “Ouvia do meu amigo Neco, que com mais de 80 anos me contava as histórias daqui”.
As fábricas instaladas na região: São Braz (da família Almeida Brandão) e União Fabril – também conhecida como Fatbrás quando as terras passaram para as mãos da família Martins Catharino – foram responsáveis pelo aumento da população até o século XX. Ao redor delas nasceu a Vila Operária, conjunto de casas que serviam de residência aos funcionários até a decadência do ramo têxtil, com a descoberta do petróleo, nos anos 50.
É nesta fase que a vista encantadora da Baía de Todos os Santos, dá espaço a uma preocupação que ronda a vida da população local. Boa parte dos moradores continua sendo inquilinos dos Martins Catharino e paga por isso. A Associação de Moradores de Plataforma (Ampla), no final de 2004, entrou com uma ação de usucapião coletivo. Segundo o advogado José Amando, o processo está parado. “Dependemos de umdocumento com fé pública com a relação das pessoas que estão enfrentando este problema”.
O coordenador de Patrimônio da prefeitura, Renato Sá, alega que o contrato de arrendamento inibe o usucapião. “A prefeitura não pode interferir. Para garantir a propriedade pelo tempo, a ocupação tem que ser à revelia do proprietário”. A casa onde seu Galvão mora foi comprada há 9 anos. “Lembro que pagava aluguel de 80 cruzeiros. Mas muita gente aqui deixou de pagar ou paga em juízo”. É o caso de Fátima Maria Ramos, 53 anos, que entrou na Justiça há mais de 13 anos e continua depositando, em juízo, cerca de R$ 50 por mês.

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