Ministério Público confirma investigação de manipulação de jogos da Série B. Jogadores envolvidos podem ser presos

Jogadores receberiam R$ 150 mil se cometessem pênaltis nos jogos do Vila Nova, do Tombense e do Sampaio Corrêa. Corruptor poderia lucrar R$ 2 milhões. Presidente do Vila Nova denunciou e o MP confirmou a denúncia

Do R7
Romário, ex-jogador do Vila Nova, investigado pelo Ministério Público

VILA NOVA

São Paulo, Brasil

Operação “Penalidade Máxima”.

Foi assim que o Ministério Público de Goiânia batizou a investigação de manipulação em jogos da Segunda Divisão do futebol brasileiro, em 2022.

A denúncia foi feita pela direção do Vila Nova.

E revela que um apostador teria prometido suborno de R$ 150 mil a três jogadores se eles cometessem pênalti no primeiro tempo das partidas em que estavam envolvidos.

Os jogos seriam: Vila Nova 0, Sport 0; Criciúma 2, Tombense 0 e Sampaio Corrêa 2, Londrina 1 da última rodada do Brasileiro da Série B.

O esquema seria simplório.

O apostador teria procurado três atletas, um do Vila Nova, outro do Tombense e o último do Sampaio Corrêa. Depositado R$ 10 mil como adiantamento para cada um. E depois pagaria os R$ 140 mil restantes.

Um site de apostas online foi escolhido pelo corruptor, com a certeza de muito lucro na situação surreal, três penalidades nas determinadas partidas, no primeiro tempo.

A aposta manipulando esses jogos permitiria um lucro aproximado de R$ 2 milhões.

O MP não escondeu o nome dos atletas que estariam envolvidos. Romário, ex-jogador do Vila Nova, Matheusinho, ex-jogador do Sampaio Corrêa, e o zagueiro Joseph, do Tombense.

Além do volante Gabriel Domingos, do Vila Nova. Sua participação seria emprestar a conta bancária, para Romário receber o suborno.

Houve a revolta do apostador porque não houve pênalti na partida do Vila Nova.

E, irritado, por ter adiantado os R$ 10 mil aos atletas, passou a pressionar os atletas pela devolução. Principalmente Romário.

Matheusinho cometeu pênalti, aos 19 minutos do primeiro tempo, contra o Londrina. Investigado

Matheusinho cometeu pênalti, aos 19 minutos do primeiro tempo, contra o Londrina. Investigado

CUIABÁ

E o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, teria sido alertado de ameaças contra Romário.

Depois de conversar com o jogador e seu agente, procurou o Ministério Público.

“Como no jogo do Vila Nova não houve o pênalti, mas houve o pagamento do sinal (R$ 10 mil) ao jogador envolvido, o apostador passou a cobrar excessivamente o atleta pelo prejuízo causado, já que nos outros jogos houve o pênalti, e os atores envolvidos esperavam receber cada um R$ 150 mil”, declarou o promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Fernando Martins Cesconetto.

Um empresário de São Paulo acabou detido.

Foi acusado de intermediar, colocar os atletas em contato com o apostador corruptor.

O Ministério Público de Goiânia garante ter provas de que as direções dos clubes nada sabiam, daí as equipes não podem ser punidas.

Já os atletas, não.

Podem ser acusados de associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.

E até serem presos.

Romário não está mais no Vila Nova. Saiu ainda no ano passado. Foi para o Goiânia. Está sem clube. Gabriel Domingos segue no Vila Nova. Matheusinho saiu do Sampaio Corrêa. Está no Cuiabá.

Joseph segue no Tombense.

Joseph, do Tombense,  cometeu pênalti aos 30 minutos do primeiro tempo, para o Criciúma. Investigado

Joseph, do Tombense, cometeu pênalti aos 30 minutos do primeiro tempo, para o Criciúma. Investigado

CRUZEIRO

O Ministério Público de Goiânia tem encaminhado o processo para prender o corruptor.

Tudo veio à tona em entrevista coletiva do presidente do Vila Nova.

“Passou o jogo (0 a 0 contra o Sport), uns três dias, e fui informado que o Romário estaria envolvido em um esquema de apostas. Ligamos o alerta e fomos atrás. Entrei em contato com quem teria articulado todo o esquema. Essa pessoa nos relatou que a combinação era um pênalti no primeiro tempo de Sport x Vila Nova e outras duas partidas da mesma rodada (Sampaio Corrêa x Londrina e Criciuma x Tombense).

“Essa pessoa falou que tinha um atleta do clube que iria cooptar outro atleta para praticar, pois ele não tinha condição de jogo. Ela diz que deu um sinal em uma conta de outro jogador, o (Gabriel) Domingos, que até que se prove o contrato, não está envolvido. A própria pessoa que arquitetou tudo isenta o atleta (Domingos).

“Só se descobre (esquema de corrupção) quando dá errado. Vem o burburinho e aí você pesca. Tentou-se fazer em um jogo do Vila uma ação individual. Um jogador do Vila deveria fazer um pênalti, o que não aconteceu. Quando não aconteceu, alguém foi prejudicado. E foram as bancas de apostas.

“Essa própria pessoa começou a entrar em contato comigo pedindo para ir atrás do Romário para devolver o sinal de R$ 10 mil.”

O presidente do Vila Nova, Bravo, procurou o MP e fez a denúncia

O presidente do Vila Nova, Bravo, procurou o MP e fez a denúncia

VILA NOVA

O Ministério Público quer fazer desse caso um exemplo.

E tornar claro que quem se deixar manipular por apostas poderá acabar atrás das grades.

A situação para os jogadores está complicada…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *