“Brasil não deve pedir licença aos EUA para defender seus próprios interesses”, diz Genoíno sobre posicionamento de Lula

Ex-presidente nacional do PT afirmou que Lula adotou posições corajosas e lúcidas ao se aproximar da China e Rússia, situando o país em um mundo “que já é multipolar”

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(Foto: Diógenis Santos/Agência Câmara)

O ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, aprovou o que considera como um reposicionamento do governo brasileiro nas relações exteriores, com a recente viagem de Lula (PT) à China, as declarações do presidente sobre a Guerra da Ucrânia e a recepção ao chanceler russo Sergey Lavrov em Brasília nesta semana.
“Eu acho que a viagem do Lula à China foi um reposicionamento do Brasil em relação à guerra da Ucrânia, comparando com a votação no G20 e com a votação na resolução da ONU. Acho que foi um posicionamento corajoso e lúcido, porque situou uma posição política num mundo que já é multipolar, e ao colocar a questão a partir da defesa dos interesses brasileiros. O Brasil não pode querer e nem pode achar legítimo – como querem alguns jornalistas e órgãos de imprensa – pedir licença aos EUA para defender seus próprios interesses. Os EUA estão numa situação de decadência econômica, crise interna, eles têm uma supremacia militar e a OTAN querendo ser a polícia do mundo. Portanto, o Lula colocou as coisas em seu devido lugar”, analisou o ex-deputado, que também é um dos fundadores do PT, em entrevista à TV 247.

Genoíno também ressaltou que as decisões do governo estão acima de quaisquer declarações de representantes dos interesses estadunidenses, que podem usar a mídia para pressionar a condução política de Lula: “ao colocar esse posicionamento, ele [Lula] abre uma estrada para construir a política externa altiva e ativa, com base nos artigos 1, 2, 3 e 4 da Constituição, que é o modelo de relação soberana, com base na autodeterminação dos povos, na paz e nos valores da democracia. Essa é uma questão muito importante, e eu acho que o Lula acertou de maneira lúcida. Por isso, não compete ao assessor de segurança ditar regras de como deve ser o governo Lula (PT). Nem muito menos o ex-embaixador dos EUA no Brasil, através de um grande jornalão, estabelecer comentários sobre as funções do Lula na questão da Ucrânia, da China, de Taiwan”.

“Ele vai acumular prestígio internacional, mas nós vamos ter que estar preparados para a reação interna, porque os entreguistas, via interesse econômico, associação com os americanos e via mídia corporativa e familiar, vão estabelecer críticas, fazer pressão e criar constrangimentos”, concluiu.

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