Opinião
Poderosa, despachando numa sala do Planalto ao lado do gabinete do maridão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rosângela Silva, a Janja, já afastou do núcleo palaciano o ex-coordenador de campanha e ex-ministro Luiz Dulci, o jornalista Franklin Martins, o amigo Paulo Okamoto e o ex-senador Aloizio Mercadante.
Enciumada, impediu que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, virasse ministra da Casa Civil. Com a força que tem, está transformando o Palácio do Planalto na “Casa da Janja”, segundo os próprios petistas alvos de boicote dela, que dizem que lá só se entra com a permissão de sua dona.
O mais grave, porém, chegou ao noticiário ontem: foi dela a última palavra para derrubar o ministro Gonçalves Dias, no mesmo dia em que apareceu nas imagens exclusivas da CNN Brasil supostamente dando guarida aos depredadores do poder público. Sua antipatia pelo general era conhecida por petistas desde a campanha de 2022.
Mesmo assim, ele se tornou o único homem de confiança de Lula a superar as cabalas de Janja e a obter um lugar no Palácio. Sua queda ocorre apesar de o presidente, desde 8 de janeiro, saber do próprio general que ele estava no Planalto, então tomado por “malucos”.
Nenhum dos antigos colaboradores restou a Lula para evitar gafes ou diminuir crises. Segundo apurou o jornalista Marcelo Godoy, do Estadão, Janja interfere em tudo, como verdadeira especialista em generalidades – das taxas para o comércio internacional às atividades da inteligência, passando por tudo o que é pop nas redes sociais.
“Se a atividade da primeira-dama causa tal rebuliço, deve-se buscar sua origem em quem lhe dá esse poder: Lula. Um general disse à coluna: “Cachorro late, gato mia e passarinho canta. Quando passarinho começa a ladrar, é bom desconfiar”. Lula, um político com seus 77 anos, parece ter esquecido a velha sabedoria popular”, escreveu Godoy.
Por: Magno Martins