A 13ª edição da Copa 2 de Julho Sub-15, que terminou na última quinta-feira, 13, com o título do Atlético-MG sobre o Flamengo, foi um grande sucesso entre os agentes de atletas e clubes que desembarcaram na Bahia para identificar futuros craques do futebol brasileiro. Com os jogadores de futebol sendo agenciados cada vez mais novos, a busca por talentos também começa cedo, muitas vezes na infância.
Uma das iniciativas mais elogiadas, foi a participação de clubes de menores investimentos, escolinhas de futebol e projetos de iniciação de todas as partes da Bahia. Ao todo, foram 257 equipes participantes desde a fase preliminar, dividida por regiões, até a fase principal, com a divisão dos clubes provenientes da fase preliminar e a entrada de grandes clubes e a Seleção Brasileira.
Roberto Liguori, representante da 4ComM no Nordeste, conversou com o Portal A TARDE e ressaltou a importância dessa visibilidade para os jovens atletas dos pequenos clubes e projetos, porque além da observação de olheiros, os próprios clubes que estão na competição observam possíveis talentos.
“A gente vê que diversos clubes que estão aqui, em paralelo à competição, estão avaliando atletas em alguns projetos, em algumas seleções, então a gente vê alguns atletas surgindo dessas equipes que sempre ficam escondidos, mas quando tem uma competição como a Copa 2 de Julho, vão aparecer”, contou Liguori.
Para Vinícius Paixão, que veio de São Paulo representando a Paixão Sports para observar atletas na Copa 2 de Julho, o resultado foi bem positivo, pois ele conseguiu identificar diversos garotos com potencial para se tornarem profissionais em grandes clubes do Brasil.
“Eu acompanhei alguns jogos nas cidades do interior, nas outras sedes e vi bastante talento, vi muitos meninos que vão estar em breve nos grandes clubes. Os grandes clubes a gente já conhece, já acompanha por ter mais competições, então a gente veio mais para ver mais o pessoal dos projetos, dos times menores e gostei, tem bastante menino com projeção, para oportunizar”, explicou Vinícius ao Portal A TARDE.
Quem também exaltou a organização da Copa 2 de Julho em conversa com o Portal A TARDE foi o agente Aldo França, representante da Trivela Captação de Atletas. Para ele, as fases iniciais são essenciais para a observação de jogadores, pois os clubes que não avançam podem ter talentos escondidos.
“Eu digo sempre que os grandes vão chegar na final, como aconteceu com Flamengo e Atlético-MG. Então, a fase preliminar da Copa 2 de Julho, assim como a fase de grupos na etapa principal, é onde é feito o trabalho de observação. É ficar sempre atento aos clubes que não vão se classificar, que certamente vão ter muitos jogadores de destaque que servirão para grandes clubes do Brasil”, revelou Aldo.
Como funciona a observação?
Os profissionais também detalharam para o Portal A TARDE o processo de garimpagem dos atletas e a maneira como trabalham direta e indiretamente para os grandes clubes do futebol brasileiro. Em geral, a captação é feita com base no desempenho do atleta e no potencial que pode ser alcançado no futuro, mas também acontecem procuras específicas em relação à carências identificadas nos clubes.
“Nem todos os clubes têm as mesmas características de atletas, então a gente tenta trabalhar com as características de cada clube. Às vezes não tem um atleta com determinada característica no clube e eles perguntam para a gente se tem atletas no mercado com esse perfil. Nós temos alguns parceiros, até mesmo de outras empresas, que a gente acaba trocando essas figurinhas e indicando também”, disse Liguori.
“Às vezes a gente enxerga um jogador que naquele momento não está pronto, mas que tem muita coisa para evoluir e de repente a gente consiga, num futuro, encaixá-lo num grande clube. Mas normalmente a garimpagem é feita pelo talento mesmo, independente da posição a gente procura analisar o que o menino tem de bom, o que ele faz ali para a função”, relatou Vinícius.
“A gente pega a relação de carência dos clubes, cada categoria de cada clube tem a sua carência. E aí nessas viagens que nós fazemos o tempo todo, quando a gente descobre um jogador com esse perfil, a gente entra em contato com o clube, fala que encontrou o jogador, agenda o atleta e envia ao clube. Ele vai passar por um período de avaliação, de adaptação para o treinador ver dentro do grupo, podendo permanecer ou não. Mas é um atleta que se você conseguiu perceber uma projeção no futebol dele, ele pode não ficar nesse clube, mas você apresenta para outro, essa que é a grande vantagem”, contou Aldo.
Trajetória difícil e grande concorrência
Apesar da captação acontecer bem cedo, o atleta passa por diversas dificuldades durante a caminhada até o futebol profissional. Dessa maneira, a grande maioria dos jovens não conseguem realizar o sonho de se tornar jogador de futebol e acabam ficando pelo caminho.
“Às vezes vemos atletas com bastante potencial, mas por alguns motivos eles acabam não seguindo. Então a gente precisa ser bem pontual nisso daí, observar bastante as características e tentar identificar lá na frente, daqui a quatro, cinco anos, como é que eles estarão, se tem esse potencial para seguir a mesma performance que tem no momento. Nem sempre a gente acerta, infelizmente tem essa margem de erros”, explicou Liguori.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos agentes é a grande concorrência. Muitas empresas atuam nesse ramo e cada vez mais olheiros disputam os jogadores em competições de base, como a Copa 2 de Julho. Mas para Aldo França, existe espaço para todo mundo e o há respeito entre os observadores.
“A concorrência é muito grande, mas é saudável. A maioria dos observadores dos clubes são meus amigos, a gente tem respeito um pelo outro. Obviamente que cada um quer defender o seu, quer levar o melhor jogador para seus clubes”, detalhou Aldo.