Nando Reis sobre alcoolismo: ‘Fiz dezenas de apresentações completamente embriagado’

Cantor está em turnê com antigos companheiros do Titãs

Estadão

Nando Reis. Crédito: Jorge Bispo/Divulgação

O cantor e compositor Nando Reis, de 60 anos, deu um longo depoimento à revista Piauí falando sobre o vício em álcool e cocaína que o acompanhou por grande parte de sua vida. O texto foi publicado na sexta-feira, 28 de julho.

Nando, atualmente em turnê com os antigos companheiros da banda Titãs, declarou que o vício em bebida começou ainda na adolescência, aos 13 anos, e durou até os 53, quando ele deixou de beber de vez, recuperando sua sobriedade. “Estou há quase sete anos sóbrio, mas não deixei de ser alcoólatra: consigo sentir a compulsão dentro de mim”, disse Nando.

O músico diz que acreditava que o álcool trazia espontaneidade às pessoas. “Eu era um cara inseguro e muitas vezes não me sentia à vontade no meio artístico. Tinha dificuldade de lidar com a hostilidade, a competitividade e a inveja no ambiente em que atuo. Esses sentimentos faziam com que eu me visse ameaçado – e o álcool atenuava essa angústia.”

Nando diz que o vício afetou sua relação com os demais membros dos Titãs, banda que ele ajudou a fundar em 1982 e que deixou em 2002, após se lançar em carreira solo.

Nando também falou sobre o consumo de cocaína, que começou, segundo ele, quando ele tinha 27 anos e o levou ao vício cruzado entre álcool e cocaína. “Eu não me importava de ficar bêbado e cheirado, ao contrário: achava graça nisso. Me divertia sendo o mais doido, o que cheirava a maior carreira, o que bebia todas. Me tornei a figura folclórica, o cara que virava cinco noites sem dormir e fazia shows nesse estado. Fiz dezenas de apresentações completamente embriagado”, disse.

O cantor também contou como o vício afetou seu casamento com sua mulher, Vânia, com quem teve quatro filhos, e como as mortes do amigo e companheiro de banda, Marcelo Fromer, e da cantora Cássia Eller o levaram ainda mais para o fundo do poço.

Em 2016, em uma viagem para Seattle, Nando pensou em tirar a própria vida. Chegou a comprar uma pomada anestésica para passar no pulso e a quebrar uma garrafa para ter um objetivo cortante. Nando disse que essa não era a primeira vez que havia tentado se matar.

A redenção, de acordo com Nando, veio no mesmo ano, no dia em que ele iria se apresentar ao lado de Gilberto Gil e Gal Costa, em 2016, em Brasília. “Se eu me apresentasse bêbado ao lado do Gil, eu simplesmente ia arruinar a minha carreira”, declarou Nando, que até hoje participa de reuniões dos Alcoólicos Anônimos.

Em janeiro de 2023, em entrevista ao Estadão, Nando afirmou que ter parado com o vício o ajudou a chegar aos 60 anos em pleno vigor físico e criativo. “Me julgo mais saudável e mentalmente mais apto do que estava aos 50 anos. Não é uma impressão, é uma constatação. Claro, tem horas em que sinto vontade de me drogar, beber”, disse.

Recentemente, Nando lançou o podcast Lugar de Sonho. No segundo episódio de uma série de cinco, o músico fala sobre sua difícil relação dentro dos Titãs e dos motivos que o levaram a deixar a banda.

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