Memória do pai dá respaldo a Aras junto ao PT baiano
As múltiplas críticas à atuação de Augusto Aras na PGR (Procuradoria-Geral da República) durante o governo Jair Bolsonaro (PL) se dissipam ao cruzar a fronteira com a Bahia. Nomes do PT contemporizam ou até elogiam a atuação de Aras, que é filho de um antigo quadro do partido, o advogado Roque Aras.
Embora tenha concorrido a duas eleições pelo PT –a senador em 1986, e a prefeito de Feira de Santana, em 1988, sendo derrotado em ambas –Roque é considerado um quadro histórico do MDB, pelo qual se elegeu deputado federal duas vezes, em 1974 e 1978.
Os adjetivos de quem se lembra de Roque divergem. Alguns o definem como um “grande timoneiro” do MDB, outros como um quadro discreto, mas importante no contexto de redemocratização ao fazer uma mediação entre a ala mais de esquerda do partido –conhecida como “grupo dos autênticos”, liderada por Chico Pinto–, e Ney Ferreira, de quem era próximo, cacique histórico da legenda, de viés mais conservador.
Após passagem pelo PT, ele deixou a política eleitoral para atuar na Advocacia-Geral da União.
Nesse ponto, o de se dar bem com políticos de diferentes matizes, os perfis de Roque e do filho Augusto se assemelham. Roque faleceu em fevereiro desse ano, aos 90 anos.
Sobre uma eventual recondução de Aras ao cargo na PGR, petistas baianos não opinam diretamente, mas pontuam elogios à sua postura.
O deputado federal baiano Zé Neto trabalhou com pai e filho no escritório de advocacia de Roque quando era estudante. Em que pese a boa relação pessoal com a família Aras, ele avalia que o procurador-geral teve “um papel importante na preservação da independência das instituições”, e faz referência ao desmonte definitivo da Lava-Jato dentro do Ministério Público.
Zé Neto também faz ponderações às críticas a Aras por leniência com Bolsonaro durante a pandemia.
“A posição em que ele estava não era simples. Eu acredito que a preocupação maior do Ministério Público naquele momento não era comprar briga com Bolsonaro, e sim salvar vidas. Nesse ponto, a atuação da PGR também foi importante”, diz o deputado.
A recondução de Aras, embora pouco provável, ainda não é descartada. Bem como a indicação de um nome de sua preferência para sucedê-lo.
Caue Fonseca/Folhapress