Secretário de Educação de Tarcísio confirma fim dos livros nas escolas de São Paulo
Governo do estado mais rico do País celebra chacina e retira livros das escolas públicas
O secretário da Educação do estado de São Paulo, Renato Feder, disse nesta terça-feira (1) que a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não usará os 10 milhões de exemplares para os alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) no próximo ano para usar apenas material digital. Pela primeira vez, as escolas estaduais paulistas não receberão os livros didáticos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), administrado pelo Ministério da Educação (MEC). “O livro tradicional, ele sai”, disse Feder em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
A medida foi divulgada pelo governo paulista em um contexto no qual a gestão de Tarcísio vem sendo questionada por setores progressistas da sociedade e por analistas sobre a chacina policial, que deixou quase 15 mortos desde a última sexta-feira (28). O governador foi criticado por defender os policiais e dizer que “não houve excessos” na operação. Agora, a gestão dele defende o fim dos livros impressos nas escolas.
Por ter a maior rede de ensino do País, com cerca de 5 milhões de alunos, São Paulo representa 15% do PNLD. Por meio do programa, o MEC compra livros didáticos para todas as escolas públicas brasileiras, em um negócio que movimenta R$ 1 bilhão e 150 milhões de obras por ano.
O titular da Educação afirmou que “a aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios”. De acordo com o secretário, a decisão de abandonar os livros didáticos impressos foi para não dar “dois comandos” para o professor e por questionamentos à qualidade das obras do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). “É para usar o livro ou o material digital da secretaria? O que cai na prova: o livro ou material digital? O professor ficava confuso”, acrescenta o secretário.
O presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), Angelo Xavier, criticou a iniciativa do governo Tarcísio e disse que, “para toda a cadeia do livro, autores, gráficas, indústria do papel, corpo editorial é uma perda muito representativa”. “E como o estudante vai estudar em casa, nem todos têm celulares, computadores, internet”.