Investigador faz peregrinação em emergência e tem assistência negada pelo Planserv

Três hospitais se negaram a atender o homem que sentia dores no peito e falta de ar

Maysa Polcri

Léo Magno denuncia descaso de hospitais com beneficiários do Planserv. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

“Parece que o Planserv quer fazer um genocídio contra os beneficários”, denuncia o investigador Léo Magno, 46. A revolta não é em vão. O homem enfrentou horas de pânico até conseguir atendimento de emergência em um hospital que faz parte da rede credenciada da Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv). No dia 1º de agosto, depois de passar por um momento de estresse no trabalho, o investigador teve sintomas de infarto e foi, às pressas, à emergência do Hospital Santa Izabel, onde costuma ser atendido. Sentia dores no peito e falta de ar.

Para a surpresa de Léo Magno, ainda na portaria, foi informado que os atendimentos estavam suspensos para pacientes do Planserv devido à queda do sistema. Ele se dirigiu então para o Hospital da Bahia, Pituba. No local, recebeu a segunda recusa, mesmo passando mal. O desespero se tornou ainda maior quando se deu conta de que o pai havia falecido vítima de infarto. Diante da situação, entrou em contato com o Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc).

“Falei com o sindicato e me disseram que o Hospital Português estava atendendo e resolvi ir até lá. Isso foi uma via crucis de quase duas horas, com trânsito e eu agoniado, com medo de infartar dentro do carro”, relembra. Para o pânico de Léo Magno, a terceira unidade também negou o atendimento. Do bairro da Graça, ele dirigiu até a Liberdade e conseguiu, finalmente, ser atendido na emergência do Hospital da Cidade.

“O que o Planserv está fazendo com os servidores é um absurdo. Eu podia ter morrido. A gente paga caro pelo serviço e não atrasa, já que é descontado na folha e, mesmo assim, tem que passar por isso”, desabafa. O descaso com os beneficiários é tanto, que o investigador nunca recebeu a carteira física do plano de saúde. “Disseram que a empresa que confecciona a carteira faliu e nunca me deram, só tenho a numeração”, relata.

O Planserv, que é gerido pela Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb), foi procurado através da sua assessoria durante quatro dias consecutivos, por e-mails e ligações, mas não se manifestou sobre o relato de recusa de atendimento. A pasta também não retornou o contato feito pela reportagem.

Em nota, o Santa Izabel informou que não há restrições em receber pacientes do Planserv na emergência, mas que em dados momentos o acolhimento está sendo restrito devido à capacidade do hospital.

O Hospital Português foi procurado, através de e-mails enviados à assessoria de imprensa, mas não retornou aos questionamentos. A reportagem apurou que o Hospital da Bahia voltou a receber pacientes do Planserv na emergência na quinta-feira (3), depois de uma suspensão no início daquela semana. O hospital justificou que o “regime temporário de contingência de atendimento na Emergência” está relacionado a melhorias estruturais e atinge todos os convênios médicos.

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