Gigante do varejo brasileiro anuncia plano com fechamento de até 100 lojas e corte de funcionários
A empresa já começou a reduzir o número de lojas. O plano é fechar de 50 a 100 pontos que estão operando com prejuízo, além de cortar funcionários
Segundo o presidente da Via, Renato Horta Franklin, a empresa já começou a reduzir o número de lojas. O plano é fechar de 50 a 100 pontos que estão operando com prejuízo, além de cortar funcionários.
Em relação aos canais de vendas, a ideia é migrar a comercialização de produtos que atualmente não geram lucro — principalmente itens de menor preço — para seu marketplace (espaço de comércio eletrônico).
De acordo com o executivo, parte dessas medidas ajudará a reduzir o nível de estoques em até R$ 1 bilhão — um dos principais objetivos do novo plano.
“Esse ajuste das 100 lojas vai trazer uma liberação de estoques de R$ 200 milhões”, afirmou Franklin.
Mudança na gestão
A transformação do negócio ocorre depois de uma mudança na alta gestão da companhia durante o segundo trimestre.
Renato Horta Franklin saiu da Movida para assumir a presidência da varejista, e Elcio Mitsuhiro, com passagens por Iochpe-Maxion e BRF, passou a ocupar a cadeira de diretor financeiro.
Franklin explica que a companhia já tinha uma estratégia de crescimento de GMV (volume bruto de mercadorias), de abertura de novos canais, de expansão de lojas e de aposta em fintechs.
“Nós entendemos que isso tudo foi feito. Construímos uma super plataforma, e ela já é grande. Então, entre investir para crescer mais essa plataforma ou pegar e rentabilizar o que tenho aqui, preferimos ganhar dinheiro com o que tem aqui”, diz.
Estratégia
A empresa também reduzirá o nível de investimentos (“capex”), com estimativa de alcançar um nível até 40% menor em relação a 2022.
Com a implementação dessas transformações operacionais, a companhia estima poder gerar R$ 1 bilhão em lucro líquido antes de imposto de renda, embora não haja previsão de quando.
O plano tem uma série de potenciais ganhos de lucro antes de imposto de renda até 2025. Mitsuhiro observou, no entanto, que esse “não é um plano que vai demorar até 2025”, sem dar detalhes do cronograma.
A nova gestão da Via também anunciou modificações para fortalecer a estrutura de capital da companhia. Uma das alterações principais é com relação à captação de recursos.
A Via tem atualmente 50% de sua exposição de crédito ligada aos crediários, disse Mitsuhiro. Ou seja, quando um cliente compra um produto no carnê parcelado, a Via adianta os valores a serem recebidos junto a bancos e depois devolve, com juros, quando o cliente terminar de pagar.
Agora, o plano é colocar a carteira de crediário no mercado de capitais por meio de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) e cessão da carteira de crediário ao FIDC.
“Quando eu começo a tombar isso para uma estrutura de FIDC eu tenho uma liberação de limites de crédito da ordem de 5 bilhões de reais ou mais. E aí posso usar esse limite para outras finalidades dentro da companhia, e o meu crediário está sendo financiado via mercado de capitais de forma direta”, afirmou.
Em fato relevante, a companhia disse que engajou o Banco BTG Pactual e a Polígono Capital visando a estruturação de um primeiro FIDC, bem como um estudo de potencial emissão e oferta de cotas desse FIDC, no valor de até R$ 1,5 bilhão.
A Via também anunciou uma continuidade na sua estratégia de monetização de créditos fiscais, com previsão de gerar R$ 2,5 bilhões neste ano, sendo que cerca de R$ 1,2 bilhão já foram monetizados, segundo os executivos.
A empresa ainda mira gerar mais R$ 500 milhões com monetização de outros ativos, como operações de “sale and leaseback” com lojas, que envolve a venda dos imóveis e sua posterior locação, disse Mitsuhiro.
Resultados do segundo trimestre
O plano é lançado em meio a mais um prejuízo trimestral, dessa vez de R$ 492 milhões no período de abril a junho, após lucro de R$ 6 milhões um ano antes, no que foi o último lucro trimestral contábil da companhia desde então.
O balanço divulgado nesta quinta-feira mostra a última linha do resultado pressionada por resultado financeiro negativo de R$ 801 milhões, e receita em queda.
No segundo trimestre, a Via teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 469 milhões, queda de 32,1% ano a ano.
A receita líquida caiu 2,1% na base anual, para R$ 7,49 bilhões, com margem bruta de 28,5%, recuo de 2,9 pontos percentuais contra o mesmo período do ano anterior.
Em vendas, o GMV total bruto ficou estável em R$ 11 bilhões, com alta de 9% no marketplace e queda de 1,2% nas vendas diretas ao consumidor.