Chamar Bolsonaro de ladrão não é mais insulto

“É só uma constatação”, escreve Solnik

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por: Alex Solnik
Tirando aquelas ofensas que colocam a mãe no meio, não há insulto maior, em nosso país, que chamar alguém de ladrão.

Juíz ladrão é o pior xingamento para o árbitro de futebol. “Você roubou no peso” é a pior acusação ao feirante. Para o político, então, nem se fale. Porque quando um político rouba, está roubando o país. Está roubando o eleitor. E ninguém gosta de ser roubado.

Basta uma rápida consulta aos jornais cariocas de 180 anos atrás. Está lá: políticos se acusam de “ladrão” a torto e a direito. Ladrão de dinheiro público. O pior xingamento que havia. Que podia até ser contestado mediante uso de arma. Uma questão de honra! Motivo para duelos! E cobria o acusado de vergonha.

De 1840 para cá, muita coisa mudou, mas a pecha de ladrão continua sendo a pior fama que um político pode ter. Eleitor não vota em ladrão.

Daí a voracidade com que se tenta colar o rótulo de larápio no adversário, mesmo sem provas. Mesmo que ele seja honesto. Como estratégia eleitoral. Destruir reputações ficou mais fácil depois que inventaram a internet.

Não é o caso de Bolsonaro. Ele foi alvo de muitos rótulos e insultos, todos justos e merecidos, em sua malfadada passagem pelo Planalto. Mas, depois que a polícia descobriu que ele fugiu no avião presidencial, antes do fim do mandato, levando a bordo jóias e outras peças valiosas do patrimônio público que depois negociou nos Estados Unidos, chamá-lo de ladrão não é mais um insulto.

É só uma constatação.

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