Gabriel Pontes Lopes sofreu lesão após queda e está internado há um mês. Crédito: Reprodução/Redes Sociais
O artista plástico baiano Gabriel Lopes Pontes, de 57 anos, está internado há um mês no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, onde aguarda pela quinta vez a cirurgia de artrodese torácica, procedimento necessário para estabilização de fraturas com uso de implantes metálicos. Ele sofreu uma lesão vertebral após queda e corre risco de ficar paraplégico. Segundo Meiry Rodrigues, parente do artista, as cirurgias são remarcadas porque os médicos alegam falta de anestesista.
“Gabriel está internado no hospital desde 29 de junho. A cirurgia foi cancelada quatro vezes por número insuficiente de anestesistas. Ele está emocionalmente esgotado, seus recursos psicólogos para suportar tantas expectativas frustradas e vendo suas chances de recuperação se distanciando já foram esgotados”, conta Meiry.
De acordo com o Hospital Geral Roberto Santos, nenhuma cirurgia de urgência e emergência deixou de ser realizada por falta de anestesiologistas. Contudo, o hospital admite que há escassez de anestesiologistas em todo o Brasil.
“Infelizmente, o quantitativo de especialistas não acompanhou a expansão dos serviços públicos e o aumento da complexidade dos procedimentos. Adicionalmente, com a chegada de grandes grupos empresariais do segmento de saúde no estado, o mercado ficou aquecido e mais competitivo”, diz o HGRS em nota.
O hospital ainda acrescenta que a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) vem trabalhando para ampliar o número de anestesiologistas em unidades de saúde do Estado e melhor prover assistência à população. Para isso, foi ampliado o valor da remuneração dos anestesiologistas de plantão nos maiores hospitais da rede estadual, incluindo o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
“Desde o início de 2023, a remuneração por plantão de 12 horas teve um incremento de 35,9%, alcançando R$ 2.650,00. Atualmente há estudos para um novo aumento. Também foi aberto credenciamento para contratação de novos profissionais. Como efeito imediato, o HGRS duplicou o total de procedimentos cirúrgicos mensais, passando de 300 para 600”, completou a nota.
Por sua vez, O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informou que teve ciência, na última quarta-feira (9), do cancelamento de cirurgias no Hospital Roberto Santos e disse que já tomou medidas cabíveis para cobrar a resolução do caso, como envio de ofício à diretoria técnica da unidade. Neste momento, a autarquia federal aguarda as informações da diretoria técnica do Hospital para adotar as devidas providências.
Uma nova cirurgia para Gabriel já foi marcada para a próxima quarta-feira (16), mas a família teme que os episódios das últimas quatro vezes se repitam. “Nossos corações estão apertados, não sabemos se o hospital terá anestesista. Confiamos em Deus. Que a situação esteja sendo vista como uma questão de colapso no setor de cirurgia do hospital, atingindo quem aguarda regulação e todos que poderão vir a necessitar desse renomado e referente hospital”, pede Meiry.