Mônica Bergamo se revolta com a indiferença do PT diante das mortes comandadas pelo governo da Bahia
Segundo a jornalista, o governo Jerônimo Rodrigues, ‘ao comandar uma PM que mata até mais do que a do Rio, vai contra uma bandeira cara ao partido e à sua militância’
A jornalista Mônica Bergamo demonstrou nesta quarta-feira (16) indignação com a política de segurança no estado da Bahia, governado por Jerônimo Rodrigues. Na avaliação da colunista, “governos do PT na Bahia, ao comandarem uma PM que mata até mais do que a do Rio, vão contra uma bandeira cara ao partido e à sua militância”. Mônica também criticou a expressão “engenharia da morte”, que, de acordo com a jornalista, esteve em nota divulgada por integrantes do setorial do tema Segurança Pública da legenda petista.
Confira o texto da sigla divulgado pela jornalista:
O sistema brasileiro de segurança pública urge mudanças estruturais, a engenharia da morte que institui a segurança pública no Brasil, moldada em uma herança escravocrata, que foi poluída pela mente doentia de Felinto Muller, que trouxe para o Brasil à época enquanto Ministro da Justiça de Getúlio Vargas, os arquétipos da SS e da Gestapo quando da sua visita à Alemanha Nazista, arquitetura essa que foi piorada pelo golpe de 64 que trouxe as forças de segurança pública para dentro das forças armadas e, covardemente, celebrada pela Constituinte de 88. Essa estrutura precisa de mudanças.
A proposta de programa de segurança pública do presidente Lula que está sendo produzido pelo Setorial Nacional de Segurança Pública, com a participação dos Setoriais e Secretarias Nacionais e dos estados, por sindicatos e movimentos sociais, visa não só apenas a construção de uma gestão de segurança pública humana e cidadã, mas também a desconstrução e reconstrução do atual modelo de segurança pública que vitimiza corpos pobres, pretos, periféricos, femininos, LGBTQIA+ e originários e dentre esses corpos vitimizados, há corpos policiais
O comentário da jornalista e a nota da legenda foram divulgados em um contexto de chacinas no Brasil. Na última segunda-feira (14), quatro ciganos foram assassinados em Feira de Santana (BA). A polícia investiga as causas dos homicídios.
De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, a Bahia registrou uma média de duas chacinas policiais por mês de julho de 2022 a dezembro do mesmo ano. Foram registradas 18 chacinas em Salvador e região Metropolitana de Salvador (RMS) no período, com 60 mortos e sete feridos. Do número total de chacinas, 13 ocorreram durante ações e operações policiais, com 45 mortos.
A Bahia também registrou 120 pessoas mortas em Salvador e região metropolitana em chacinas policiais entre 1º de julho de 2022 e 8 de agosto de 2023. Entre as vítimas estão um idoso, 114 adultos, e cinco pessoas que não tiveram a faixa etária identificada
Outras chacinas policiais ganharam repercussão na imprensa nacional e nas redes sociais nas últimas semanas. Na Baixada Santista (SP), 18 pessoas morreram desde o dia 28 de julho por conta de confrontos entre policiais e suspeitos de crimes. O estado de São Paulo é governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em 2 de agosto, uma operação deixou dez mortos na Vila Cruzeiro, localizada no Complexo da Penha, zona norte do município do Rio de Janeiro. O estado do Rio é governado por Cláudio Castro (PL).