Bolsonarista ainda continua como conselheiro da Hemobrás no Governo Lula

Do Estadão — O coronel da reserva do Exército Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde no governo de Jair Bolsonaro (PL), continua na função de conselheiro fiscal da Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) e recebe R$ 3.361,29 para participar de uma reunião por mês.

Nos primeiros seis meses do governo Lula, o militar já recebeu, ao todo, R$ 19,3 mil por participar de nove reuniões – incluindo as extraordinárias – realizadas em Brasília ou Recife. O salário bruto mensal de Elcio Franco na reserva do Exército é de R$ 28.398,48.

O valor do “jeton” que recebe como conselheiro da empresa não inclui o custeio de despesas com passagens e diárias. De janeiro a julho, a União pagou R$ 23,2 mil para arcar com os deslocamentos do militar para as reuniões.

Entre as atribuições do conselho fiscal estão acompanhar a execução patrimonial, financeira e orçamentária da Hemobrás, estatal criada em 2004 para “garantir o fornecimento de medicamentos derivados do sangue ou obtidos por meio de engenharia genética”.

Elcio Franco foi o número 2 do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello. Ele foi um dos indiciados pela CPI da Covid que atribuiu ao ex-secretário-executivo o crime de improbidade administrativa e o crime de epidemia com morte.

Segundo o relatório final da comissão parlamentar, a cúpula do Ministério da Saúde “não adotou as medidas preventivas adequadas, como o isolamento e o distanciamento social”. Além disso, “optou por dar ênfase ao uso de medicamentos comprovadamente ineficazes”. As ações contribuíram para o “aumento do risco de propagação do novo coronavírus e o aparecimento de uma nova cepa no Brasil”.

Além de ser alvo da CPI, o coronel Elcio Franco também apareceu em investigação como interlocutor de tratativas de golpe sobre golpe Estado. Em mensagens incluídas no inquérito da Operação Venire, o militar sugeriu em dezembro que o então comandante do Exército, Freire Gomes, estaria “com medo das consequências” de um golpe.

Além de Franco, também é membro do conselho fiscal da Hemobras o coronel George Divério, ex-superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro. Ele foi exonerado do cargo em meados de 2021 após denúncias de irregularidades em contratos na superintendência fluminense. Eles estão na Hemobrás desde 2020 e foram reconduzidos no fim de 2022.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que “já deu início ao processo de substituição” de ambos.

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