Durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, o hacker Walter Delgatti afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria lhe prometido um indulto para que ele tentasse fraudar as urnas eletrônicas e colocar em dúvida a lisura das eleições.
O encontro entre ele e Bolsonaro teria ocorrido no Palácio do Alvorada, antes das eleições que foram realizadas no ano passado. Posteriormente a isso, Delgatti foi ao Ministério da Defesa para tratar de termos técnicos das urnas.
O plano aprovado por Bolsonaro, segundo Delgatti, é que ele gravasse um vídeo mostrando que as urnas não eram confiáveis. Ele teria uma urna que seria emprestada pela OAB, colocaria um aplicativo feito por ele e mostrasse à população que seria possível apertar um número e sair outro. “Eu faria um código fonte meu, não do TSE, para a população ver que seria possível apertar um voto e imprimir outro”.
Questionado se recebeu garantia de proteção do ex-presidente, o hacker confirmou a informação. “Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal (Daniel Silveira). E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, explicou.
Delgatti contou que sua ida ao Palácio foi intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Ele ainda afirmou que o ex-presidente questionou se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas, para testar a lisura dos equipamentos.
“Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse… autenticasse a lisura das eleições, das urnas. E por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro. […] Lembrando que eu estava desemparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que eu fui até eles”, completou.
Além do indulto, havia ainda a promessa de emprego para Delgatti, que chegou a prestar serviços para Zambelli ao site e redes sociais da parlamentar. Ele afirma ter recebido R$ 3 mil reais, mas em decorrência da decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, as redes sociais dela foram derrubadas e, com isso, ele não teve o serviço renovado.
Preso desde o início de agosto, Delgatti é acusado de participar de um ataque contra o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir um falso pedido de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.