Para cada problema, uma propaganda
Não seria errado dizer que o departamento mais efetivo da segurança pública na Bahia é o da propaganda. As peças publicitárias espalhadas por Salvador e pelo interior do Estado nada têm a ver com a realidade dos fatos. A prova mais recente foi o Monitor da Violência mostrar que o estado lidera o ranking de mortes violentas no Brasil pelo quinto ano consecutivo. Somente nos seis meses iniciais deste ano, foram 2.515 mortes violentas, o que dá uma média de 13 mortos por dia. Com números próprios de uma guerra civil, há quem aposte que o governador vai intensificar os investimentos… em propaganda.
Sem propaganda
Embora a propaganda do governo negue, os números apresentados pelo Monitor da Violência são alarmantes. Os dados apontam que os homicídios na Bahia foram quase 30% a mais do que o Rio de Janeiro (1.790 casos), que vive uma nova onda de violência, e superam inclusive a quantidade de mortes em toda a região Sul do país no primeiro semestre (2.202 casos).
Fortunato baiano
Um certo apresentador de televisão da Bahia tem sido comparado ao icônico personagem Fortunato no filme Tropa de Elite, interpretado pelo ator André Mattos. A comparação não é à toa: a semelhança entre ficção e vida real é gritante! Enquanto Fortunato provocava risadas com sua eloquência ao falar da segurança pública nas telonas, aqui o apresentador baiano parece ter se inspirado no personagem e tem, nas últimas semanas, exagerado nas frases de efeito, na verborragia e na defesa quase que intransigente do governo do estado e do governador Jerônimo Rodrigues (PT), bombardeado pela crise de violência que assola a Bahia. O problema é que, pelo menos nas redes sociais, as pessoas já perceberam o enorme abismo entre o discurso do Fortunato baiano e a realidade, com a escalada da insegurança. Agora, resta saber se os interesses do apresentador são os mesmos do personagem fictício…
Lágrimas de crocodilo
Após perder a liderança de seu horário e não conseguir mais recuperar, o tal apresentador de TV vem choramingando por todos os cantos. Diz que está cansado e reclama de colegas de trabalho. Há até quem diga que a abordagem cada vez mais sensacionalista que tem adotado não passa de uma tentativa desesperada de recuperar a liderança, por enquanto sem sucesso. Que fase…
Pombinhos discretos
Um empresário e uma executiva do governo estadual têm sido vistos em ambientes discretos. Muitas vezes almoçando de mãos dadas em clima de romance. Ele recém-separado e ela ainda comprometida. Não sabemos se é só amor ou se tem também negócios nessa relação.
Manobra
Nos corredores da Assembleia Legislativa (ALBA), há quem garanta que está tudo sendo pavimentado para a reeleição do presidente Adolfo Menezes (PSD), possibilidade hoje considerada inconstitucional. A dúvida agora é como vai ser, se vai desfazer a regra da reeleição via projeto de lei ou se seguirá uma brecha do Supremo Tribunal Federal (STF). Quem não gostou nada disso foi a deputada Ivana Bastos (PSD), que sonha com o cargo, mas está cada dia mais distante da cadeira.
Apuração limitada
Ainda na ALBA, a CPI da ViaBahia foi barrada mais uma vez. Embora desejassem uma apuração mais profunda, os parlamentares que lideram o debate chegaram a propor uma CPI para investigar apenas o serviço prestado pela empresa no estado, e não o contrato de concessão, que é federal, de forma a tentar emplacar a comissão. Mas não vingou, pelo menos por enquanto. Na Polícia Federal nesta semana, quando um grupo de deputados foi pedir uma apuração, a orientação foi a seguinte: aguardem o laudo do Tribunal de Contas da União (TCU) e acionem o Ministério Público Federal (MPF).
Professor malvadeza
O governador Jerônimo Rodrigues, professor de formação, vem sendo chamado nos bastidores de “professor malvadeza” porque se recusa a pagar o montante dos precatórios aos profissionais de educação da Bahia com juros e correção. No projeto enviado à Assembleia Legislativa, o petista diz que só pretende pagar 60% da parcela correspondente a 2023. A estimativa da classe é que, sem o pagamento integral, os professores deixam de receber cerca de R$ 1 bilhão. “O que me parece é que Jerônimo quer contrastar com a trajetória de Rui Costa, que foi perversa com as educadoras, mas precisa fazer isso, sob pena dele começar a ser chamado de ex-professor”, bradou uma liderança durante as mobilizações esta semana no Legislativo estadual.
Bancada da fuga
Professores também reclamaram da falta de empenho político da base do governo nas negociações, a exemplo da bancada da maioria que desapareceu do plenário na sessão da última terça-feira, enquanto os deputados de oposição queriam discutir o assunto. Foi preciso uma chamada nominal do presidente da Casa e uma pressão do bloco de oposição para que uma parte dos jeronistas desse as caras, mesmo assim não houve um sequer que defendeu o pagamento integral dos precatórios com juros e correção.
Negócio de bilhões
A notícia da venda da fábrica da Ford em Camaçari ao governo da Bahia esta semana despertou certa curiosidade. Primeiro porque os termos e valores da negociação não foram divulgados, mas sobretudo porque não se tem notícia de que a Ford algum dia tenha comprado a área. O contrato que trouxe a fabricante norte-americana à Bahia incluía, além de generosos incentivos fiscais, uma concessão do espaço para o polo automotivo. Quando decidiu encerrar as atividades em 2021, a Ford precisou indenizar o Estado em cerca de R$ 2 bilhões. Agora, ao que parece, está recebendo uma fatia de volta.