A Polícia Federal vai investigar o assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico, ocorrido na noite de quinta-feira (17), na cidade de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador.
A PF informou que as investigações ficarão sob sigilo. Uma força-tarefa da Polícia Civil da Bahia também irá apurar o assassinato. As informações são do portal G1.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o crime foi cometido por dois homens. Usando capacetes, os suspeitos entraram no imóvel onde estava a ialorixá e efetuaram disparos com arma de fogo. Ela estava acompanhada dos 3 netos na hora do crime.
Bernadete Pacífico sofria ameaças, que foram comunicadas ao governo da Bahia, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), e também ao Supremo Tribunal Federal, quando ela falou à presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, sobre violência contra quilombolas, no final de julho deste ano.
O advogado da família de Bernadete, David Mendez, disse que a SJDH havia colocado a líder quilombola em um programa de proteção, que era feito pela Polícia Militar, através de uma “ronda simbólica” no local onde ela morava.
“Ela entrou no programa há dois anos. Bernadete recebia ameaças de várias frentes, que foram intensificadas quando madeireiros ilegais passaram a ameaçá-la. Ela sempre deixou claro os riscos que corria e ficou sob o programa a pedido dela mesma”, detalhou o advogado.
“A proteção do estado era só uma ronda simbólica. Uma viatura da PM ia lá uma vez por dia, geralmente no final da tarde, falava com ela e ia embora. Que segurança é essa?, questionou David.
Há cerca de um mês, a quilombola também tinha relatado a situação à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. O advogado relatou ainda que, dias antes de morrer, Bernadete havia falado que as ameaças feita pelos madeireiros haviam se intensificado.
A extração de madeira na comunidade quilombola onde Bernadete morava é ilegal, porque se trata de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Por isso, os madeireiros eram denunciados por Bernadete e a ameaçavam.
“Recentemente ela relatou para a gente, em três ocasiões, que pessoas passavam pela casa dela à noite dando tiro para cima, como se fosse uma espécie de recado, de aviso. Fora as comunicações de boca–boca. Então não era novidade para ninguém”.
“O pessoal da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do governo do estado sempre esteve ciente do risco que dona Bernadete corria”, destacou o advogado.
O g1 entrou em contato com a SJDH, para pedir informações sobre o caso, mas ainda não obteve respostas.