Opinião
Num tempo muito mais breve do que a governadora Raquel Lyra (PSDB) imaginava, o prefeito do Recife, João Campos, principal liderança do PSB no Estado, deu o troco, ontem, atraindo para o seu campo de ação e, provavelmente, ao Governo Municipal, o grupo do ex-senador Fernando Bezerra Coelho (MDB).
A reação se deu três dias após o ministro da Pesca e presidente estadual do PSD, André de Paula, aderir ao Governo de Raquel, depois de mais de dois anos servindo à gestão João Campos com a sua filha Cacau, agora secretária estadual de Cultura, no comando da Secretaria de Turismo do Recife. A transferência de André e sua filha para a gestão tucana tem tudo a ver com as eleições municipais do próximo ano.
Dentro do arco de alianças de João, o PSD daria mais tempo de televisão à campanha de reeleição dele, para compensar a fragilidade em termos de representação do partido do ministro na Câmara de Vereadores. André também é ministro de Lula e João, naturalmente, teria um motivo a mais para justificar a presença do agora ex-aliado em seu palanque da reeleição.
Sem André e o PSD, João agiu inteligentemente, abrindo uma interlocução com o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que também havia iniciado, antes do ministro da Pesca optar pelo alinhamento a Raquel, negociações para se filiar ao PSD, já que está numa posição desconfortável, hoje, no União Brasil. Sabendo disso, a governadora foi mais ágil e tirou André e o seu partido do palanque de João em 2024.
Quem ganha mais nesse jogo? O tempo dirá, mas eleitoralmente o grupo Coelho, com vistas às eleições de 2026, quando Raquel tentará a reeleição, soma muito mais. Aliás, no primeiro turno das eleições para governador, Raquel teve pouco mais de cinco mil votos em Petrolina, mas no segundo turno, com os Coelho em seu palanque, saiu de lá com um balaio de votos, quase 90 mil.
Isso, claro, por causa do apoio de Miguel, já que no Sertão, com exceção de uma ou duas cidades, Marília Arraes ganhou em todas, prevalecendo o voto casado com Lula. Em Petrolina, a maciça votação de Raquel se deu, vale reforçar, pela força, o prestígio e a liderança de Miguel.
Por: Magno Martins