Empresa de Jair Renan faturou R$ 4,5 milhões em contratos de mídia em apenas um ano
Irmão do investigado, o senador Flávio Bolsonaro disse que Jair Renan “não tinha onde cair morto”. Apesar do suposto “sucesso financeiro”, a empresa encerrou suas atividades
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) saiu em defesa de seu irmão Jair Renan após este ter sido alvo de busca e apreensão pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) no contexto da Operação Nexum. O parlamentar alegou que o membro mais jovem da família “não tinha onde cair morto”. No entanto, os dados financeiros da empresa administrada pelo influenciador e gamer ao longo de um ano revelam um faturamento de aproximadamente R$ 4,5 milhões. Investigações conduzidas pelo Metrópoles demonstram que, entre julho de 2021 e julho de 2022, a empresa de mídia denominada RB Eventos e Mídia Eirelli – objeto de inquérito por parte da PCDF – registrou receitas substanciais, supostamente provenientes de acordos firmados em relação a publicidade e meios de comunicação. Tais quantias são notavelmente expressivas para uma empresa de comunicação relativamente desconhecida no mercado e que, inicialmente, possuía um capital social modesto de apenas R$ 105 mil.
Apesar de ter recebido pagamentos mensais que ultrapassaram a marca dos R$ 300 mil, a empresa de maneira misteriosa encerrou suas operações, apesar do alegado “sucesso financeiro”. A RB esteve ativa de novembro de 2020 até março de 2023, quando Jair Renan transferiu a gestão da empresa para Marcus Aurélio Rodrigues dos Santos. Essa transição ocorreu sob a forma de “doação”, sem nenhum montante financeiro envolvido.
A operação, intitulada Operação Nexum, executou quatro mandados de busca e apreensão e duas prisões preventivas em virtude de crimes relacionados à fé pública e associação criminosa, assim como prejuízos ao tesouro público do Distrito Federal. O principal foco dessa operação e suposto arquiteto do esquema é Maciel Carvalho, de 41 anos. Ele atuou como empresário de Jair Renan e acumula histórico de atividades criminosas incluindo falsificação de documentos, estelionato, formação de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documentos falsificados e posse ilegal de arma de fogo. Maciel foi detido na quinta-feira (24/8) em Águas Claras.
Eduardo dos Santos, outro indivíduo com mandado de prisão emitido, já estava sendo procurado pela polícia por envolvimento em um caso de homicídio e permanece foragido. Apenas este ano, Maciel já havia sido alvo de duas operações da PCDF: a primeira, chamada de Operação Succedere, focou em crimes tributários praticados por uma organização especializada na emissão ilícita de notas fiscais. Outra ação, conhecida como Operação Falso Coach, liderada pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Intelectual e as Fraudes (Corf), investigou a utilização de identificações falsas para o registro e comércio de armas de fogo, além de promoção de cursos e treinamentos de tiro por meio de uma empresa com uma figura de fachada. Maciel foi detido em flagrante por posse irregular de arma de fogo nesse contexto.
A recente investigação resultou de materiais apreendidos nas operações anteriores, as quais revelaram um esquema envolvendo fraudes, estelionato, falsificação de documentos, evasão fiscal e lavagem de dinheiro, visando, em última instância, proteger os ativos dos envolvidos. O inquérito identificou a existência de uma associação criminosa que utiliza a tática de inserir um terceiro, conhecido como “testa de ferro” ou “laranja”, a fim de ocultar a real propriedade de empresas fictícias ou “fantasmas” usadas tanto pelo principal indivíduo sob investigação quanto por seus cúmplices. De acordo com as evidências apresentadas, o indivíduo central da investigação e um de seus cúmplices inventaram a identidade fictícia de Antônio Amâncio Alves Mandarrari, cujo nome foi utilizado para abrir uma conta bancária e para figurar como proprietário de entidades empresariais, atuando como uma figura de fachada. Os policiais também descobriram que os investigados falsificavam registros de faturamento e outros documentos das empresas em questão, utilizando dados de contadores sem a devida autorização, inserindo declarações fraudulentas com o intuito de distorcer a realidade em relação a aspectos juridicamente relevantes. Além disso, observou-se movimentações financeiras suspeitas entre os envolvidos, possivelmente incluindo transferências internacionais de fundos.