Soldado é expulsa por chamar PM de “instituição doente” em vídeo postado no Youtube

Policial foi expulsa “a bem da disciplina” e considerada “inapta” para ficar na corporação

Por Ricardo Novelino – Uma  soldado da Polícia Militar foi expulsa pelo governo de Pernambuco depois de fazer um duro discurso contra a corporação no Youtube.  A investigação  da corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) considerou culpada Mirella Virgínia Luiz da Silva, que publicou um vídeo na qual dizia, entre outras coisas, que a PM “é uma instituição doente,  com  jogo  de  poderes  muito  grande.”

A punição da PM foi publicada no Diário Oficial do Executivo estadual, nesta sexta (1º). A SDS  informa que a soldado é “incapaz  de  permanecer  integrando a PMPE”. A pasta determinou a expulsão “ a bem da disciplina”. Segundo a Defesa Social, ela violou dispositivos de regulamentos internos, estatutos militares e leis em vigor no estado.

Assinada pela então secretária Carla Patrícia Cunha, que deixou o governo esta semana, a portaria relata com detalhes todo o caso da soldado Mirella.  O Conselho  de  Disciplina  foi  aberto para apurar a conduta da PM registrada no dia 16 de setembro de 2021.

Naquele dia, a policial militar publicou um vídeo na rede social com “várias referências negativas e críticas à Polícia Militar de Pernambuco”. Nessa espécie de “      manifesto”, a soldado Mirella afirmou que “essa corporação é uma instituição doente,  com  jogo  de  poderes  muito  grande,  composta  de  pessoas  que  se  superestimam  por  terem  postos  superiores,  muitas  vezes,  diminuindo,  perseguindo,  fazendo  pouco  caso,  humilhando  e  coagindo  aqueles  que  estão  em  posto  inferior”.

A SDS também analisou outras falas da PM e afirmou que ela fez críticas ao curso de formação, chamando de “extremamente  doente  e  tóxico”. Para completar, afirmou que “ nele  os  soldados  não têm voz e estão sempre sendo coagidos pelo medo”.

Para determinar a punição, o governo também levou em consideração o fato de a policial ter dito no vídeo que “toda essa questão de hierarquia, disciplina e ordem não passa de um grande argumento para a prática de inúmeras arbitrariedades e, por isso, a corporação precisa  consertar-se  internamente.”

Ainda segundo a portaria, a PM punida fez críticas a ações de segurança pública,  afirmando que não é possível ter “um serviço de  qualidade  se  os  policiais  estão  adoecendo  por  uma  questão  de  egoísmo  de  muitos  que  estão  em  postos  superiores,  que  se  vestem  de  uma  realidade  inexistente,  sendo  eles  desumanos  com  os  seus  pares,  inferiores  e  subalternos”.

A SDS alegou, ainda, que a PM declarou ter sido “coagida” a trabalhar pela Junta Médica da polícia, “mesmo apresentando documentos médicos  da  sua  impossibilidade”. NO vídeo, a policial afirmou que    “essa  junta  não  se  importa  com  o  que  ela  sente,  querendo  apenas  que  trabalhe, tendo plena certeza, de que isso é uma atitude totalmente equivocada”

Carla Patrícia deixou SDS esta semana

A soldado, segundo a SDS, teve o caso analisado pela Justiça Militar e que ficaram comprovadas as acusações contra ela.  A pasta relatou também que foi aberto um “ incidente  de  insanidade  mental”,  e que a Junta Militar de saúde considerou que a PM estava em condições de responder ao processo.

Ela também “não  apresentava  diminuição  ou  supressão da sua capacidade de entendimento da ilicitude da conduta, nem da sua autodeterminação, não se encontrando na condição de inimputável”, no momento das investigações.

Por fim, a SDS relatou que a PM “externava não ter se adaptado à Polícia Militar de Pernambuco  e,  por  conta  desses descontentamentos com a Instituição,  divulgou  o  mencionado  vídeo” O parecer técnico analisando durante os procedimentos apontou, ainda, que  a soldado Mirella ficou afastada do serviço expressiva parte do seu tempo na corporação.

Quando tinha três anos, dez meses e 18 dias de vínculo funcional com a PMPE, permaneceu indisponível para o serviço policial militar por mais de três anos e seis meses.  Ou seja, dos quase quatro anos na Instituição, ela trabalhou efetivamente apenas cerca de quatro  meses.

Ainda segundo o parecer técnico,  o vídeo em foco “gerou uma repercussão negativa no seio da tropa da Unidade Militar onde era lotada a imputada”.

Fonte: Blog Ricardo Antunes

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