Janaína Paschoal é alvo de escracho após confirmação de golpe contra Dilma

Estudantes cobram responsabilização pela participação da ex-deputada no golpe contra Dilma Rousseff

Janaína Paschoal
Janaína Paschoal (Foto: Alesp)

“A história é implacável”, argumentam estudantes de Direito do Largo São Francisco (USP). Na noite de ontem (31), o Centro Acadêmico XI de Agosto, do corpo discente da tradicional instituição, realizou uma mobilização para lembrar o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016. Mais especificamente, durante a aula da ex-deputada Janaína Paschoal. Ela foi uma das vozes mais agressivas contra Dilma na época. Janaína também é coautora de um pedido de impeachment que embasou o processo político contra a petista.

Durante o ato de repúdio contra Janaína, ela disse ser democrata. Ela não impediu as manifestações, seguiu com sua explanação do conteúdo para uma sala de poucos alunos. Completou ao dizer defender a liberdade de expressão. Além disso, reforçou aos presentes: “não estou arrependida de nada”. Enquanto isso, o que restaram foram imagens suas com cartazes que denunciam o golpe ao fundo.

Virada histórica – A história virou. Agora, segundo decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), publicada em 21 de agosto, a Justiça reconhece que Dilma foi expulsa de seu cargo sem crime de responsabilidade. Na prática, este fato chancela o que muitos gritavam na época, inclusive juristas, de que não havia base para a queda da presidenta. As chamadas “pedaladas fiscais” foram apenas uma tese infundada, prática corriqueira no exercício dos diferentes níveis do Executivo nacional, para retirá-la do cargo.

Então, agora, poucos anos depois, os estudantes do Largo São Francisco querem responsabilização a Janaína. O golpe contra Dilma teve como líderes gente como Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados; movimentos de extrema direita como o Movimento Brasil Livre (MBL), que conta com parte dos membros mais ativos presos ou processados; procuradores e juízes da Operação Lava Jato, que também caiu em profundo descrédito por não fazer Justiça, apenas promover perseguições políticas; e juristas como Janaína, radicais em seu espectro político e desacostumados com o processo democrático.

O horror – O fato é que Dilma caiu. Este episódio abriu as portas de um abismo inimaginável na história brasileira. Logo ao assumir, Michel Temer (MDB), eliminou mulheres do governo na mesma velocidade em que ceifou direitos trabalhistas e previdenciários. Contudo, o futuro breve poderia ser ainda mais sombrio. O radical Jair Bolsonaro (PL) assumiu em 2018 na esteira da Lava Jato com Lula impedido pela operação de disputar as eleições. Com Bolsonaro, 700 mil pessoas morreram de covid-19, muitas não precisariam. Mas acreditaram na saga com tons lunáticos do político contra a ciência, contra vacinas, contra as máscaras; em defesa de vermífugos milagrosos (ivermectina e cloroquina) pra combater um vírus. O resultado é uma mácula, uma tragédia sem par na história brasileira; a maior crise sanitária do país.

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Além disso, mal o país se recuperava das incontáveis vítimas (diretas e indiretas) da covid-19, Bolsonaro perde as eleições. Ao perceber a derrota inevitável, passou a apelar para o flerte golpista. Estimulou o radicalismo de tal sorte que resultou no dia 8 de janeiro, com seus apoiadores invadindo Brasília e depredando o complexo dos Três Poderes em um roteiro quixotesco e sombrio de vandalizar prédios para tentar golpear a democracia à força.

Contudo, como argumentam os estudantes, a história cumpre seus ciclos. Hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é novamente presidente e carrega uma missão de união e reconstrução, como aponta o próprio slogan oficial. Dilma foi absolvida. Bolsonaro é alvo de investigações que vão de possíveis crimes sanitários a até crimes contra o Estado Democrático de Direito, fraudes em documentos oficiais e casos e mais casos de corrupção que estão sob olhar atento da Polícia Federal.

E Janaína Paschoal? – Janaína também sofre os revezes da história. Na esteira do Bolsonarismo, em 2018 ela foi eleita como deputada estadual. Sua curta carreira política acabou em 2022 sem maiores louros após fracassar em tentativa de se eleger ao Senado. Então, passou a atuar como comentarista da CNN, que deu voz ao conservadorismo radical da professora. Não durou muito. De lá também saiu. Restou, então, seu cargo público de professora no Largo São Francisco. Agora, estudantes pressionam também este refúgio desta personagem controversa da história política brasileira.

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