Do Portal NE9
Você já imaginou poder ir de carro até Fernando de Noronha? A ideia de construir a maior ponte do mundo, e com cerca de 380 km de extensão, para ligar a cidade de Natal a Fernando de Noronha, já existiu fora dos sonhos e fez com que um candidato despontasse em uma eleição.
Essa ideia partiu de um dos candidatos à prefeito de Natal no início deste século e deu muito o que falar nas eleições municipais de 2004. O nome do candidato é Miguel Joaquim da Silva, um sargento reformado do Exército Brasileiro, conhecido por Miguel Mossoró. Ele foi um fenômeno eleitoral ao conquistar 67.065 votos disputando a Prefeitura da capital potiguar. Sua votação expressiva foi tão importante que levou o pleito natalense daquele ano para o segundo turno. A ideia de unir Natal a Noronha é por conta da distância consideravelmente menor entre a capital potiguar e a ilha, uma vez que o arquipélago pertence ao estado de Pernambuco e é um dos destinos mais procurados do Nordeste.
E todo o momento que o político viveu naquele momento era por conta de suas propostas inusitadas, que acabou conquistando a simpatia de eleitores de todas as idades. Contudo, o carro-chefe do seu plano de governo passava pela construção de um equipamento que entraria facilmente para o livro dos recordes, já que a maior ponte construída até hoje tem 164 km e se chama Ponte de Danyang-Kunshan, que liga Pequim e Xangai. Ela custou 8 bilhões de dólares, foi inaugurada em 2011, após o trabalho de mais de 10 mil operários.
Para se ter ideia, a maior ponte construída no Brasil é a Rio-Niterói, que se encontra na Baía de Guanabara. Ela também é a maior da América Latina com os seus 13.290 metros.
E como seria construída a ponte Natal-Noronha?
Na época, Miguel destacava que iria viabilizar a construção da ponte através de um consórcio internacional. E que a iniciativa traria desenvolvimento econômico e social a capital potiguar.
Mas será que essa ideia é viável? Quais seriam os benefícios e os desafios de uma obra desse porte? Abaixo vamos analisar os prós e contras dessa proposta polêmica e ambiciosa.
Quais seriam os benefícios da ponte?
- Aumento do fluxo turístico e da geração de renda tanto em Fernando de Noronha e em Natal, que são cidades com forte vocação para o turismo;
- Geração de milhares de empregos durante a construção da ponte e na sua manutenção;
- Melhoria da infraestrutura e da mobilidade urbana em Natal, que receberia investimentos para adequar seu sistema viário à demanda da ponte;
- Integração regional e nacional, facilitando o transporte de pessoas e mercadorias entre as regiões Nordeste e Norte, especialmente em Noronha que depende de voos ou embarcações.
Quais seriam os desafios para a construção da ponte Natal-Noronha?
Custo
O alto custo da obra, estimado em bilhões de reais, que poderia comprometer o orçamento público e outras prioridades do país.
Técnica
A complexidade técnica da obra, que exigiria soluções inovadoras e seguras para vencer a distância de cerca de 380 km entre Natal e Fernando de Noronha, além das condições adversas do mar e do clima.
Ambiental
O impacto ambiental da obra, que poderia afetar negativamente a biodiversidade marinha e terrestre de Fernando de Noronha, que abriga espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.
Social
O impacto social da obra, que poderia alterar drasticamente a dinâmica e a qualidade de vida dos moradores e visitantes de Fernando de Noronha, que hoje desfrutam de um ambiente tranquilo e preservado.
Política
A viabilidade política da obra, que dependeria da aprovação de diversos órgãos públicos e privados, além da aceitação popular da proposta.
Qual a importância histórica e turística de Fernando de Noronha?
Fernando de Noronha é um arquipélago brasileiro que tem uma história incrível e um cenário deslumbrante. Descoberto em 1503, foi o primeiro território do Brasil a ser concedido como capitania hereditária a um comerciante português. Ao longo dos séculos, foi invadido por franceses, ingleses e holandeses, que disputavam o seu valor estratégico no Atlântico. Também foi usado como presídio e como base militar na Segunda Guerra Mundial. Em 1988, voltou a ser administrado por Pernambuco e se tornou um distrito estadual e um Parque Nacional Marinho, protegendo a sua rica biodiversidade. Em 2001, foi reconhecido como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Hoje, é um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil, oferecendo diversas opções de lazer e cultura.