“As Forças Armadas devem um pedido de desculpas à Nação”, diz José Genoino

Genoino também criticou a ideia de “passar a mão na cabeça” das Forças Armadas e esquecer o passado

José Genoíno e os atos golpistas
José Genoíno e os atos golpistas (Foto: ABR)

No programa de estreia do “Conversa de Política” na TV 247, que foi ao ar esta semana no YouTube, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, fez declarações importantes sobre o papel das Forças Armadas no cenário político brasileiro. Em uma conversa franca com a âncora Dafne Ashton, Genoino enfatizou a necessidade de responsabilização e de uma revisão profunda da atuação das Forças Armadas no país.

Genoino expressou sua surpresa com a extensão do que ele chamou de “obscurantismo, negacionismo e golpismo” por parte das Forças Armadas desde o golpe de 2016. Segundo ele, essas instituições foram longe demais ao se envolverem em questões políticas e defenderem agendas antidemocráticas.

Um dos pontos-chave abordados na entrevista foi o papel do ajudante de ordem de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Genoino argumentou que ele não estaria lá sem o aval dos comandantes militares e do ex-presidente da República, sugerindo que Mauro Cid pode trazer à tona informações cruciais para a compreensão dos eventos ocorridos naquele período golpista.

Genoino também criticou a ideia de “passar a mão na cabeça” das Forças Armadas e esquecer o passado, afirmando que a história do Brasil recomenda exatamente o contrário. Ele argumentou que o golpe de 2016 só se viabilizou com o aval das Forças Armadas, do alto comando do Exército e do General Villas-Boas.

Genoino também rejeitou a noção de que os eventos de 8 de janeiro tenham sido meros erros individuais. Em sua opinião, a instituição das Forças Armadas se envolveu profundamente naqueles acontecimentos, referindo-se a acampamentos, manifestações de 7 de setembro e uso de redes sociais para promover sua agenda.

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Para Genoino, as Forças Armadas devem um pedido de desculpas à nação, assim como nunca pediram desculpas formalmente pelos abusos cometidos durante a ditadura militar, apesar dos esforços da Comissão Nacional da Verdade. Ele enfatizou que crimes cometidos por militares não são crimes militares, mas sim crimes praticados por militares, e defendeu que os responsáveis sejam julgados pela justiça civil.

Outro ponto abordado na entrevista foi a postura de alguns generais em relação ao sistema eleitoral brasileiro. Genoino criticou aqueles que questionaram a integridade das urnas eletrônicas e argumentou que esses generais não deveriam ser promovidos a posições de comando nas Forças Armadas.

Por fim, o ex-presidente do PT destacou a importância de reformular a política das Forças Armadas e promover uma política de defesa nacional como política pública. Ele acredita que o Brasil tem a oportunidade de redirecionar o papel político das Forças Armadas e construir um ambiente mais democrático e responsável no país.

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