Com baixa aprovação em Mata de São João, bolsonarista Gualberto discute migração para Avante, de Rui Costa
O prefeito de Mata de São João, João Gualberto (PSDB), teria iniciado conversas para migrar para o Avante, partido controlado na Bahia pelo ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), e oficialmente comandado pelo ex-deputado federal Ronaldo Carletto, informaram fontes ao Política Livre.
O movimento ocorre um mês após o prefeito anunciar, pela segunda vez, que deixará a vida pública e, portanto, não concorrerá mais à reeleição, em 2024, o que foi interpretado no município como reflexo da baixíssima aprovação à sua gestão.
Esta é terceira vez que Gualberto dirige o município, onde elegeu-se prefeito pela primeira vez em 2008 – renovando o mandato em 2012 – e fez o sucessor.
A notícia de que ele estaria conversando com um partido que integra a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia surpreendeu lideranças dado o extremismo político de Gualberto, conhecido pela identidade com o bolsonarismo.
“Se se concretizar, é uma conversão que nem Osiris sabe como aconteceu”, ironizou um prefeito do próprio Avante, numa alusão a trecho de Faraó, música muito popular do grupo Olodum, referindo-se à possibilidade de o prefeito passar a integrar a sigla.
Politicamente, a explicação que surge em Mata de São João para a eventual decisão é a de que, por causa dos baixos índices de aprovação no município, Gualberto tenta montar um espécie de colchão de proteção para o candidato que escolheu para sucedê-lo.
Trata-se de Bira da Barraca (União Brasil), atual vice-prefeito e ex-vereador na cidade. Na Câmara Municipal local, vereadores de oposição ao prefeito, que é também um empresário poderoso do ramo supermercadista e imobiliário, dizem que a mudança seria a saída para ele não perder o controle sobre a cidade, na qual se tornou um dos maiores investidores, especialmente no balneário de Praia do Forte.
O próprio Bira tem pessoalmente se movimentado, procurando partidos e lideranças para tentar uma aproximação com o governador do Estado, numa atitude que muitos interpretam como uma estratégia para neutralizar as forças oposicionistas no município.
Apesar do poderio econômico e da ambição política, Gualberto nunca esteve nem perto de realizar o conhecido sonho de concorrer ao governo do Estado. Nas eleições passadas, também foi excluído de última hora da chapa de ACM Neto (União Brasil) na qual esperava ser convidado para disputar o Senado.
Esta não é a primeira vez que Gualberto, considerado uma figura muito pragmática, adota postura ou toma decisões que, aos olhos dos próprios aliados, parecem abruptas.
Antes do final do mandato de deputado federal conquistado em 2014, ele repentinamente anunciou que não mais concorreria à reeleição e se aposentaria da vida pública.
Política Livre