“Gravíssimo”, diz Dino sobre apoio de ex-comandante da Marinha em trama golpista
Ministro da Justiça também disse considerar “inverossímil” eximir a participação de Jair Bolsonaro na trama golpista
O ministro da Justiça, Flávio Dino, qualificou como “gravíssimo” o suposto envolvimento do almirante do almirante de esquadra Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, na trama golpista revelada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), em sua delação premiada à Polícia Federal (PF). Dino também disse considerar “inverossímil” isentar Jair Bolsonaro (PL) de participação nas tratativas para um golpe de Estado com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Desde os eventos do segundo turno da eleição, onde explicitamente houve uma tentativa de interferência indevida na eleição, estamos com um quebra-cabeça. A figura hoje está quase completa e mostra um itinerário de golpe de estado que deságua no 8 de janeiro, mas que teve várias etapas. Então, quão grave é? É a máxima gravidade que o direito penal tem. É gravíssimo. Rompe a institucionalidade que é premissa para todos os direitos”, disse Dino em entrevista ao jornal O Globo.
Segundo Mauro Cid, Bolsonaro realizou diversas reuniões com os comandantes das Forças Armadas visando um golpe de Estado para impedir a posse de Lula. Garnier Santos, que na época era comandante da Marinha, teria informado a Bolsonaro que suas tropas estariam preparadas para apoiar o então mandatário em um possível chamado.
O ministro reconheceu a gravidade da situação, afirmando que a decisão sobre uma eventual prisão de Garnier caberá ao Poder Judiciário. “Na medida em que há uma investigação gravíssima, caberá ao Poder Judiciário decidir. Mas sim, pode (ser preso), sem dúvida alguma”, observou.
Na entrevista, Dino também disse considerar “inverossímil” que Bolsonaro não tenha tido alguma participação na trama golpista. “Sobre provas, não posso falar e não conheço. Sobre opinião, eu não consigo imaginar que pessoas tão próximas ao presidente da República tratassem do assunto e ele de nada soubesse, não participasse. Até porque há relatos de que ele participou. Digamos que é um juízo de plausibilidade, de verossimilhança. É inverossímil que tantas reuniões ele não tenha participado. Mas isso é objeto de inquérito, podem ou não surgir provas”, ressaltou.