“A esquerda está enxugando gelo e refém das pautas da direita”, diz Alysson Mascaro
Jurista afirma que Jair Bolsonaro ampliou os horizontes da direita, enquanto o presidente Lula segue uma política de conciliação
Em uma entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o renomado filósofo e jurista Alysson Mascaro, professor da Universidade de São Paulo (USP), abordou uma série de questões cruciais relacionadas à política, economia e sociedade brasileira. Mascaro começou a entrevista destacando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu estabilizar as estruturas do governo e que o Brasil está vivendo uma retomada de um padrão político que já foi visto nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Essa observação ressalta a continuidade de políticas que priorizam a estabilidade e o desenvolvimento econômico e social.
O filósofo e jurista também apontou que os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro representaram uma marcha à ré na dinâmica econômica e social do Brasil. Ele contrastou esses governos com o governo de Lula, afirmando que este último já colocou a primeira marcha em direção a um modelo de desenvolvimento mais inclusivo.
Mascaro observou que o Judiciário brasileiro, embora atualmente adote uma imagem de imparcialidade, enfrenta um contexto político em que o Brasil enfrenta um reacionarismo ativo. Ele também destacou que as esquerdas não estão falando de transformação social, o que sugere uma lacuna na discussão sobre políticas progressistas. “Os governos Temer e Bolsonaro colocaram a marcha-a-ré na dinâmica econômica e social. O governo Lula já colocou a primeira marcha”, diz ele.
O filósofo ressaltou que qualquer progressismo dentro do capitalismo equivale a enxugar gelo, sugerindo que mudanças significativas dentro desse sistema são limitadas. Isso levanta questões sobre a necessidade de repensar as estruturas econômicas e sociais do país.
Mascaro lamentou que os movimentos sociais não estejam mais mobilizados nas ruas como antes para defender suas causas. Ele também mencionou que o capital tem a capacidade de dar golpes quando deseja, destacando a influência econômica nas decisões políticas.
Por fim, Mascaro observou que Bolsonaro ampliou os horizontes da direita ao se declarar de direita, e que o Brasil parece estar refém da pauta da direita, o que coloca desafios significativos para os progressistas no país. “O governo Lula entrega uma boa relação com o capital, sem esgarçar com a burguesia. Bolsonaro ampliou muito os horizontes da direita, dizendo-se de direita. Estamos reféns da pauta da direita”, afirma.