Polícia do Rio encontra 8 das 21 metralhadoras do Exército furtadas em SP
A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou nesta quinta-feira (19) 8 das 21 metralhadoras de haviam sido furtadas do Arsenal de Guerra do Exército em Barueri, na Grande São Paulo. As armas estavam no bairro da Gardênia Azul, na zona oeste do Rio.
Foram recolhidas quatro metralhadoras .50 e quatro de calibre 7.62 por agentes da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), da Polícia Civil.
A apreensão foi confirmada também pelo Comando Militar Sudeste em entrevista coletiva nesta quinta. Segundo o general de Brigada Maurício Vieira Gama, os furtos ocorreram entre 5 e 8 de setembro e houve troca de lacres e cadeados de onde ficam as armas para esconder o desvio.
De acordo com o general, o diretor do Arsenal de Guerra será exonerado e os militares envolvidos serão punidos —ele não informou quantos seriam. Temporários devem ser expulsos e os de carreira devem ser penalizados na esfera militar.
Nesta quinta-feira (19), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que o Exército havia identificado três militares suspeitos de participar do do furto das armas e que a Força investigava se o trio havia sido cooptado por facções criminosas para o extravio do armamento. Um grupo de 480 militares ficou aquartelado na sede do Arsenal durante a investigação.
A comunidade faz parte de uma narcomilícia, após união de milicianos dissidentes e de traficantes do Comando Vermelho.
Segundo a Polícia Civil, integrantes do crime organizado da comunidade foram os responsáveis pela morte de três médicos, na Barra da Tijuca. Eles teriam confundido um dos ortopedistas com um miliciano rival.
A chamada narcomilícia surgiu a partir de 2021, quando houve uma ruptura interna na milícia da região. Enfraquecido, o miliciano procurou apoio com traficantes da Cidade de Deus, na zona oeste, área de domínio do Comando Vermelho.
Uma aliança foi firmada, então, entre os ex-integrantes da milícia e o tráfico, gerando o que a polícia chama de narcomilícia na Gardênia, com a liderança tanto de milicianos locais quanto de traficantes do Comando Vermelho. Os traficantes têm os complexos da Penha e do Alemão como base principal.
O sumiço das 21 metralhadoras foi notado por militares do Arsenal de Guerra no último dia 10, quando era realizada uma inspeção.
Esse tipo de controle não é feito periodicamente na unidade militar e, segundo relatos à reportagem, só é realizado quando alguém precisa destrancar o armário em que as armas ficam guardadas para pegar parte do armamento.
Após abrir a reserva, o militar é obrigado a contar quantas armas permanecem guardadas, trancadas em cabides, e anotar os números em um arquivo interno da Força.
Quando o militar que fazia a contagem percebeu o sumiço das metralhadoras, informou ao superior hierárquico e então foi aberto o inquérito.
A primeira decisão do Exército foi manter aquartelados os 480 soldados e oficiais que integram o Arsenal de Guerra. Na última terça (17), 320 militares foram liberados pela Força.
O Comando Militar do Sudeste afirma que a situação da tropa passou de “estado de prontidão para sobreaviso, o que significa uma redução do efetivo da tropa aquartelada”.
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse à reportagem que a Força está empenhada em solucionar o caso. “Não vamos medir esforços para recuperar as armas e punir os responsáveis”, afirmou.
Em tom semelhante, o general Achilles Furlan, chefe do DCT, disse que “o Exército não vai desistir de encontrar essas armas”.
O Ministério Público Militar foi comunicado do sumiço das armas e solicitou informações sobre a investigação ao Exército. Os procuradores militares, porém, só devem participar do caso após a conclusão do inquérito conduzido pela Força.
Bruna Fantti/Fábio Pescarini/Folhapress