Educação infantil fora da meta

Opinião

Entre 2019 e 2022, o Brasil não avançou na meta de universalização da educação infantil. A frequência escolar das crianças com 4 e 5 anos de idade – início da obrigatoriedade da educação básica – recuou 1,2 ponto porcentual no período, passando de 92,7% para 91,5%.

Os resultados são da Síntese de Indicadores Sociais 2023: uma análise das condições de vida da população brasileira, divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, o acesso à creche das crianças de 0 a 3 anos manteve-se estável, estatisticamente, de 2019 a 2022 (de 35,5% para 36%), interrompendo a expansão na cobertura de oferta de ensino, para essa faixa etária, verificada no período anterior a 2019.

“Esses resultados indicam que a pandemia do novo coronavírus causou um retrocesso na garantia de acesso à escola, que não havia sido revertido em 2022, mais de dois anos depois dos primeiros casos de covid-19 no Brasil”, diz IBGE.

Como consequência, o país não avançou no cumprimento da Meta 1 do Plano Nacional de Educação (PNE), no período de 2019 a 2022, que estabelece como objetivo, a ser alcançado até 2024, a universalização da educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e o atendimento de, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos.

Concentração – As regiões que concentram as maiores retrações, de acordo com o estudo, foram as do Norte e Nordeste. Nelas, as retrações na frequência escolar das crianças entre 4 e 5 anos de idade saiu de 86,1% para 82,8% em 2019, e para 95,6% e 93,6%, em 2022.

Motivos – A justificativa, segundo o levantamento, é de que as retrações nas frequências entre as crianças de 4 a 5 anos se deu por uma mudança na composição nesse grupo entre os anos pesquisados pelo IBGE. O motivo mais frequente, contudo, foi o não envio à escola por opção dos pais e responsáveis pelas crianças, que passou a representar 39,8% dos casos, em 2022, comparado a 48,5%, em 2019.

Educação básica – Cerca de 41,5% dos brasileiros com idade entre 25 e 64 anos não concluíram o ensino médio. De acordo com o IBGE, esse percentual é mais que o dobro da média de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 20,1%.

Analfabetismo – No ano passado, a taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais era de 5,6%, representando uma queda de 0,5 ponto percentual em relação ao dado verificado em 2019 (6,1%). Essa redução gradual é esperada, uma vez que os analfabetos se concentram nas faixas etárias mais velhas, e a taxa de analfabetismo entre os mais jovens (de 15 a 19 anos) já se encontrava abaixo de 1%, em 2016, segundo o IBGE.

Por: Magno Martins

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *