PF vai investigar relação das joias recebidas por Bolsonaro com venda de refinaria abaixo do preço de mercado
Um mês antes de a Petrobrás vender a Refinaria Landulpho Alves, Bolsonaro viajou à Arábia Saudita e recebeu um kit de joias avaliadas em mais de R$ 4 milhões
A transação foi finalizada com o pagamento de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,1 bilhões), e a empresa Acelen, criada pelo grupo Mubadala Capital para essa operação, assumiu a gestão da refinaria a partir de 1º de dezembro. Com a venda, a RLAM passou a ser denominada Refinaria de Mataripe.
Entretanto, nesta quinta-feira (4), a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou um relatório que levanta questões sobre a avaliação do valor de mercado da refinaria no momento da venda. O documento aponta que a análise foi feita durante um período de turbulência econômica causada pela pandemia, o que pode ter influenciado negativamente o valor da refinaria. O relatório da CGU menciona o “Projeto Phil”, que previa a alienação de oito refinarias pela Petrobrás para redirecionar seus investimentos para a exploração e produção em águas profundas, como o pré-sal. Devido à avaliação desfavorável do mercado, a Petrobrás adiou a venda de sete refinarias, mas a RLAM não foi incluída nessa decisão.
“A venda da RLAM não foi realizada de forma apropriada, ocasionando risco de impacto negativo no resultado financeiro”, destaca o relatório da CGU, que não revela os valores negociados na transação devido ao pedido de sigilo feito pela Petrobras.
Em outubro de 2021, no mês anterior à venda da RLAM, durante uma viagem oficial à Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu, em nome do governo brasileiro, um kit de joias femininas avaliadas em R$ 4.150.584. O kit, destinado à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi apreendido no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na bagagem de um membro da equipe do Ministério de Minas e Energia, que tentou entrar no Brasil sem declarar o valor para a Receita Federal.