Do Jornal do Commercio
Pela segunda vez, a Secretaria de Defesa Social (SDS) não cumpriu o prazo prometido para começar a usar o aparelho de tomografia computadorizada adquirido para a realização de exames de vítimas de violência, no Instituto de Medicina Legal (IML), localizado no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife.
Conforme revelado pelo JC, o tomógrafo foi adquirido pela gestão Paulo Câmara a um custo de aproximadamente R$ 1,5 milhão. O investimento foi feito a partir de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. Desde 2022, o equipamento foi entregue pela empresa contratada, mas permaneceu por mais de um ano guardado em galpão, porque não havia sequer estrutura física para recebê-lo no IML.
A SDS havia dito que as obras da sala específica para receber o tomógrafo seriam finalizadas até o final de junho de 2023, mas o prazo não foi cumprido. Depois, a promessa dada foi de que os profissionais da Polícia Científica estariam utilizando o aparelho até o final do ano passado. Na ocasião, a pasta estadual alegou que faltava apenas “a chegada da subestação elétrica para o equipamento poder ser ligado”.
Sem novo prazo
Procurada pelo JC, na primeira semana de 2024, a assessoria da SDS reconheceu que o tomógrafo ainda não está funcionando. Por meio de nota, a pasta estadual informou que “o equipamento já se encontra no IML e a obra da sala específica para receber o tomógrafo foi finalizada”.
Sem estipular um novo prazo para o início do uso, a SDS voltou a afirmar que ainda aguarda a ligação da subestação de energia elétrica, por parte da concessionária de energia (Neoenergia).
Função do tomógrafo
O equipamento de alta tecnologia deve garantir a realização de exames de raio-x computadorizado, com imagens de melhor qualidade, para identificar os projéteis de bala nos corpos das vítimas de violência.
Somente entre janeiro e setembro de 2023, a polícia somou 2.212 ocorrências de pessoas assassinadas por uso de arma de fogo em Pernambuco.
O número representa 81% de todas as mortes violentas registradas nesse período no Estado – o que demonstra o quanto o tomógrafo é necessário ao trabalho dos profissionais envolvidos com exames periciais e no avanço das investigações.
Manutenção deve custar R$ 48 mil por mês
Só para a manutenção preventiva e corretiva do aparelho de tomografia (como a reposição de peças), a SDS precisará gastar em média R$ 48 mil por mês.
Ainda no ano passado, a pasta estadual confirmou que iniciou o trâmite administrativo para contratação de empresa técnica que será responsável pelo serviço, sob o argumento de que é considerado obrigatório que equipamentos desse nível técnico em radiologia sejam submetidos a manutenções regulares preventivas e corretivas para o perfeito funcionamento e segurança da equipe.