Por Ricardo Antunes – O ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella deu apoio irrestrito ao post que o arquiteto Zezinho Santos, neto do patriarca João Santos e sobrinho de Fernando Santos publicou nas redes sociais xingando o tio, ex-presidente do grupo João Santos, em recuperação judicial há um ano.
O “barraco” no clã ocorre após 12 dos seus integrantes terem se tornado réus pela Justiça Federal em Pernambuco por delitos que vão de formação de quadrilha a lavagem de dinheiro, passando por crimes contra a legislação trabalhista, como publicou o blog com exclusividade, copiado depois pelo G1PE sem menção a mais um “furo” nosso.
Erguido a partir da compra de uma usina de açúcar em Goiana, o outrora todo poderoso império João Santos, com 47 empresas, de cimento a comunicação, de usinas de açúcar a companhia de táxi aéreo, de celulose a educação, foi à bancarrota por má gestão familiar. Requereu recuperação judicial em dezembro de 2022 com uma dívida de R$ 13 bilhões, das quais R$ 10 bilhões em impostos atrasados. Fez acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional para parcelar o débito tributário, mas o acerto ainda não foi cumprido.
“Muito impactado por seu contundente relato!”, escreveu Miguel Falabella, que namorou o arquiteto nos anos 1990 e continuou seu amigo, tendo inclusive comparecido ao feérico casamento no Recife, posteriormente desfeito, de Zezinho com o arquiteto Turíbio Santos, seu sócio no escritório Santos & Santos.
José Bernardino Pereira dos Santos Filho, o Zezinho, cujo pai, José Bernardino, é irmão de Fernando Santos, escancarou os bastidores familiares em sua página no Instagram. À moda de outras celebridades, mandou às favas desavenças familiares normalmente restritas a escritórios de advogacia, botando a boca no trombone.
Como se fosse uma narrativa ficcional, começou seu relato no Instagram como um roteirista: “O telefone tocou no prédio que abriga as empresas de minha família. A mão esquerda agitava o ar, como se faz quando se quer afastar algo que não se deseja, enquanto a direita coçava, na região da virilha, um saco escrotal imaginário”.
Prosseguiu adjetivando Ana Patrícia Neves Baptista Rabelo, enteada do tio, como “lésbica enrustida mau-caráter e torpe” que, supostamente, “respondia quando inquirida sobre o pagamento dos funcionários que ali trabalhavam: deixa brigar na justiça (sic)”. Zezinho define a mãe de Ana Patrícia, Maria Irene Neves Baptista, a Lena, como “a maior pistoleira que já vendeu as partes no estado de Pernambuco”.
Lena era casada com o ex-deputado Osvaldo Rabelo e Fernando Santos com Nádia, até que uma paixão avassaladora uniu os dois. Fernando traiu o ex-deputado, um dos seus melhores amigos, num affaire abafado pela mídia pernambucana.
Possesso, e com uma foto com o dedo em riste na velha expressão “vá tomar no c”, o arquiteto afirma que Lena é ” rasteira e vulgar como o corrimento de uma qualquer, dessas que fazem gargarejo de esperma antes de dormir”.
Foi além: escreveu que Lena tem a glote “constantemente socada (afinal, esta lá para isso mesmo) pelo triste negócio que deve ser o pênis de Fernando João Pereira dos Santos”.
O sobrinho, que também virou réu na Justiça Federal por lavagem de dinheiro, relata que Fernando comandou a área financeira do grupo João Santos, com total liberdade após a morte do pai, seu avô, em abril de 2009, aos 102 anos. Afirma que o tio “mantinha toda a família refém – inclusive o meu pai -, liberando como renda apenas o que bem entendia (e quando entendia), enquanto enriquecia a si mesmo e aos parentes da cadela da esposa”.
Zezinho declara que Fernando Santos “faturou para si recursos fora dos livros, assinou contratos desfavoráveis às empresas mas benéficos a ele próprio, usou secretárias e assistentes como laranjas, estabeleceu negócios paralelos com funcionários e executivos do Grupo em detrimento dos interesses da família, sumiu com recursos no exterior”.
Inventariante do pai, Fernando, ainda segundo o arquiteto, “malversou os imóveis ali contidos, e desviou fatias consideráveis dos aluguéis em acertos realizados por fora”. Como se sabe, enquanto os trabalhadores do grupo João Santos estão com salários atrasados e sem depósitos do FGTS, os herdeiros tiveram joias, obras de arte, veículos de luxo e até embarcações como alvos de buscas da Polícia Federal na Operação Background, em maio de 2021.
A repercussão do post no Instagram foi grande. Chamada de “escória”, a família Neves Batista, de onde vêm a atual esposa e as enteadas de Fernando Santos, promete reagir vigorosamente aos xingamentos do arquiteto.
Um internauta publicou: “Uma Patrizia Gucci em Recife”, numa referência à ex-esposa e mandante do assassinato nos Estados Unidos, em março de 1995, do estilista Maurizio Gucci, dono da luxuosa grife Gucci.
O blog procurou todos os citados na matéria, que poderá ser atualizada a qualquer momento, se alguém mais quiser se manifestar.