Democrata vai cumprir mandato de deputado brasileiro cassado nos EUA por gastos com OnlyFans e botox

Republicano foi alvo de 13 acusações que incluem crimes como fraude, lavagem de dinheiro e desvio de recursos público

Tom Suozzi, à direita, vai completar mandato de George Santos
Tom Suozzi, à direita, vai completar mandato de George Santos  – Foto: AFP/Instagram
Eleitores nos subúrbios de Nova York elegeram um democrata para substituir o congressista republicano de origem brasileira George Santos, de acordo com projeções da mídia norte-americana. O deputado, filho de brasileiros, foi cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados dos EUA, em uma decisão que contou com o apoio de deputados do seu partido. O polêmico político se tornou apenas o sexto deputado na história dos Estados Unidos a ser expulso da Câmara.

A CNN e a NBC News projetaram vitória para Tom Suozzi, que competia com o republicano Mazi Pilip em uma eleição marcada por uma forte tempestade de neve. Suozzi, um político veterano que já ocupou esse cargo antes de concorrer sem sucesso ao governo do estado de Nova York, cumprirá os 11 meses restantes do mandato de Santos.

Santos virou manchete nos Estados Unidos e no Brasil depois de ter seus gastos de campanha expostos pela imprensa americana. A lista de despesas — pagas com fundos de campanha desviados — inclui assinaturas no site de conteúdo adulto OnlyFans, aplicações de botox, estadias em Las Vegas no período em que disse à sua equipe que estaria em lua de mel e milhares de dólares em spas. Após as revelações, Santos declarou que não iria mais concorrer à reeleição no ano que vem.

Veja a lista de acusações
Fraude na campanha: 
as principais acusações contra o deputado, cinco no total, referem-se a um esquema durante as eleições de 2022 no qual ele e um consultor político angariaram US$ 50 mil (R$ 247 mil) com doadores de campanha para “despesas independentes”, que seriam usadas para publicidade e anúncios de TV. A quantia, porém, foi transferida para uma conta pessoal de Santos, que gastou em artigos de luxo e pagamentos de cartões de crédito;

Lavagem de dinheiro: o plano para enganar seus doadores de campanha também renderam três acusações de lavagem de dinheiro decorrentes de cada uma das transferências ilegais que, juntas, somam US$ 74 mil (R$ 366 mil);

Fraude eletrônica: Santos também é alvo de outras duas acusações de fraude por ter recebido ilegalmente auxílio-desemprego do governo de Nova York durante a pandemia de Covid-19, obtendo mais de US$ 24 mil (R$ 118 mil) em recursos no mesmo período em que ganhava US$ 120 mil por ano trabalhando para uma financeira da Flórida;

Desvio de dinheiro público: a fraude do sistema que permitiu que Santos recebesse o benefício do governo destinado a desempregados também lhe rendeu uma acusação por desvio de verba pública;

Declarações falsas: o deputado de origem brasileira ainda foi alvo de duas acusações por omitir seus ganhos do Congresso nas duas vezes em que disputou as eleições, em 2020 e 2022 — mesmo motivo pelo qual Santos é investigado pelo Comitê de Ética da Casa.

O início do escândalo
O caos na vida política de Santos começou depois que reportagens do New York Times revelaram uma série mentiras em sua biografia. Ele foi eleito sob a narrativa do “sonho americano”, e usou o fato de ser filho de imigrantes brasileiros e neto de judeus que escaparam do Holocausto para crescer politicamente. Ele também mentiu sobre a formação em duas universidades públicas e sobre ser um financista de sucesso em Wall Street.

As “floreadas” no currículo — como ele mesmo depois assumiu ter feito — ganharam contornos de história policial quando suspeitas de irregularidades no financiamento da sua campanha vieram à tona. A Comissão de Ética do Congresso abriu uma investigação contra o parlamentar após surgirem indícios de que ele teria omitido informações sobre o seu patrimônio.

Processo no Brasil
George Santos também enfrenta um processo criminal no Brasil por suposta fraude de cheques em um episódio ocorrido em 2008. Os registos do tribunal mostram que Santos gastou quase US$ 700 (cerca de R$ 3,4 mil) utilizando um bloco de cheques roubado e um nome falso numa loja em Niterói, no Rio de Janeiro.

Ele confessou o roubo em 2010, mas as investigações foram paralisadas quando a polícia e o Ministério Público não conseguiram localizá-lo após sua mudança para os Estados Unidos. Na quinta-feira, mesmo dia em que enfrentará a Justiça americana, uma audiência está marcada na 2ª Vara Criminal de Niterói pelo caso de estelionato.

 

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